31.8.09
30.8.09
a época das trufas
O seu sabor é único, equivalente á sua raridade e ao elevado preço. As trufas pretas da Tasmânia, uma remota ilha no extremo sul da Austrália, fazem parte da experiência gastronómica proporcionada por Michele dell’ Aquila, o chefe italiano que está há alguns meses a dirigir a cozinha do restaurante Aurora, situado no Hotel Altira.
Após ter passado pelo Bulgari Resort, em Bali, e pelo Bulgari Hotel, em Tóquio, Michele dell’ Aquila chegou a Macau atraído por um novo desafio e apostado “em criar novas experiências”. Nalgumas das quais as trufas serão “o sabor principal”. Michele mistura alimentos frescos importados da Itália com as trufas, numa “combinação harmoniosa”. O objectivo é sempre “ter os ingredientes certos para a época certa do ano”, ao estilo mediterrânico.
A grande vantagem de importar trufas da Austrália para a RAEM, segundo explicou director da “Perigord Truffles”, a companhia australiana que fornece as trufas do Aurora, é que o processo de transporte demora dois dias, “o que significa que chegam muito frescas a Macau”.
As trufas desenvolvem-se a partir de um fungo que normalmente surge junto às raízes de árvores como o carvalho e aveleira. Amadurecem no Inverno e a melhor altura para colhê-las é quando o solo arrefece. Na Tasmânia, a colheita acontece em Julho e Agosto (o Inverno no hemisfério sul), na época das geadas.
Duncan Garvey explicou ao Hoje Macau que a empresa começou por importar da Europa o fungo que dá origem às trufas pretas francesas, em 1992. “Depois colocámos esses fungos junto a árvores acabadas de plantar. Deixámos que as árvores crescessem, e os fungos foram também crescendo em simbiose com as raízes, até começarem a surgir as trufas. À medida que as árvores se tornam maiores, tendem a produzir mais trufas e usamos cães especialmente treinados para descobrirem onde estão as trufas. Depois verificamos o perfume que emana da trufa e quando este á correcto, forte e doce, escavamo-la”, descreveu Duncan Garvey. A qualidade do produto final é bastante semelhante à francesa, dado que o tipo de solo e o clima são parecidos. Garvey faz a comparação com o vinho, “que é bastante parecido se for cultivado nos mesmos géneros de solo e de clima”, mesmo que as vinhas estejam localizadas em pólos opostos do mundo.
O problema da expansão do negócio das trufas prende-se com a sua raridade. “Até ao cão escavar o solo, é muito difícil prever quantas trufas se vão obter”, explica o director da “Perigord Truffles”. Ora, “não é bom prometer-se a um restaurante fornecimento para toda a época e depois não tê-las em número suficiente”. Por essa imprevisibilidade e também “pelo facto de estarem associadas a algum mistério” são muito valorizadas no mercado
O Aurora manterá na sua ementa as trufas da Tasmânia desde 10 de Julho até 30 de Agosto. Nos dois primeiros dias, os jantares serão acompanhados por Duncan Garvey e por Michele dell’ Aquila, que prometem explicar aos comensais todas as características e segredos das trufas, ao longo de uma ementa constituída por seis pratos. O preço por pessoa é de 1000 patacas. Este será o segundo ano de colaboração entre a Perigord Truffles o Aurora. Os responsáveis do restaurante justificam o regresso de Duncan Garvey “pela muito boa recepção que as trufas australianas tiveram entre os clientes no ano passado”.
Texto: P.B.
Etiquetas: Macau
Um conselho para vós
Paul Valery (1942) in Souvenirs poétiques,
Etiquetas: Música
29.8.09
As mutações da Ásia
Lisboeta com 44 anos, António Júlio Duarte estudou fotografia na Ar.Co e depois no londrino Royal College of Art, em Londres, beneficiando de uma bolsa de estudo da Gulbenkian. Autor de dezenas de exposições individuais, entre as quais uma na delegação de Macau da Fundação Oriente, já viu o seu trabalho ser premiado em diversas ocasiões, com destaque para um “European Kodak Award in Portugal”. Já esteve várias vezes a fotografar em Macau e, para além dos Estados Gerais, está também a desenvolver um projecto de ensaísmo fotográfico que se concentra nesta cidade, como explicou em entrevista ao Hoje Macau.
Hoje Macau (HM): Já tinha fotografado em Macau anteriormente. O que é que o surpreendeu desta vez?
António Júlio Duarte (AJD): Tinha fotografado noutros moldes. Nunca tinha vindo para Macau fazer um trabalho puramente jornalístico. Dessas vezes fiz uma fotografia mais documental e pessoal, sem preocupação de registar o facto politico, o acontecimento, enfim, o trabalho habitual dos jornalistas. Não costuma ser esse o meu registo. Desconhecia esse lado mais factual desta realidade. Foi uma semana em que houve dois assuntos: o eclipse e a eleição do Chefe do Executivo.
HM: E quais foram os problemas que se lhe colocaram ao desempenhar funções de fotojornalista?
AJD: Estive em contacto com todos os colegas que estão espalhados pelo mundo e cheguei à conclusão de que tivemos todos o mesmo tipo de problemas. Pesa a parte burocrática até se conseguir chegar aos sítios e poder fotografar. Há limitações cada vez maiores ao trabalho da imprensa, que são globais. Não se pode dizer que Macau seja diferente nesse aspecto.
HM: Ou seja, as autoridades procuram, de alguma forma, restringir a liberdade de movimentos da imprensa...
AJD: Julgo que sim, trata-se de uma tendência global. Não se pode dizer que seja um controle, mas é uma grande necessidade de manter os jornalistas sob uma certa vigilância.
HM: Em termos das imagens que captou, já tem alguma noção quanto às tuas eleitas?
AJD: Fiz uma primeira edição que seguiu para Lisboa, dado que o trabalho de todos será processado de forma muito rápida. O limite para entrega é já no dia 3 de Agosto. O livro está programado para Setembro e é quase certo que a primeira apresentação pública seja na projecção áudio-visual do “Visa pour le image”, o festival internacional de fotojornalismo de Perpignam, na França.
HM: Mas já tinha trabalhado como fotojornalista?
AJD: Muito pontualmente. Nunca estive ligado a nenhum jornal em particular. Tenho-me afastado progressivamente dos trabalhos de imprensa, até porque não há muita procura. Os jornais, hoje em dia, quase não têm grandes reportagens, não tratam dos assuntos de forma muito extensa. Portanto, não há muita necessidade de contratar um fotógrafo exterior.
HM: Como é que avaliarias a qualidade do fotojornalismo publicado nos jornais de Macau?
AJD: É muito semelhante ao de outros sítios. Tudo parece estar nivelado, hoje em dia. Há excepções nalguns países da Europa e em algumas revistas dos Estados Unidos, mas são casos pontuais. Há um nivelamento, todos os jornais se assemelham muito. Cada vez existem menos fotógrafos nas redacções, as imagens são compradas às grandes agências. A mesma imagem pode ser capa de vários jornais do mundo inteiro. Há standartização, por vezes por motivos puramente económicos – sai mais barato fazer assim - não há essa procura de ter um fotografo que dê uma marca ao trabalho. As linguagens visuais usadas são semelhantes.
HM: Esses fotógrafos que tentam uma abordagem diferente acabam por ter que arranjar formas alternativas para mostrar o trabalho, tais como as exposições ou a edição de livros...
AJD: Sim, agora também há quem opte por tentar usar a Internet, disponibilizar as imagens de outras formas. Mas aí há o problema da rentabilização. Estamos numa espécie de transição para qualquer coisa. O jornalismo está a mudar, não se sabe muito bem o que vai acontecer.
HM: Mas, quanto ao fotojornalismo, a sua perspectiva não parece ser muito optimista...
AJD: Se calhar, cada vez há mais necessidade de fazer trabalhos independentes, de resistir e tentar encontrar alternativas relativas às grandes agências que nos dão informação massificada.
HM: E é essa questão dos modos de ver trazidos pela comunicação de massas que o projecto “Estados Gerais” procura interrogar...
AJD: Todos os integrantes no projecto escolheram jornais que se preocupam com as notícias do sítio onde estão inseridos, numa abordagem local. Um pouco para comparar com o que difundido pelas grandes agências. E também para analisar como vimos a notícia e como o jornal em que estamos inseridos a viu.
HM: A notícia mais relevante de Macau esta semana foram as eleições. Fez a cobertura. Que ilações tira delas?
AJD: São eleições peculiares. O facto de ser um candidato único reflectiu-se nas acções de campanha que acompanhei. Não havia necessidade de fazer uma campanha muito agressiva, dada a falta de concorrência. Foi uma boa experiência estar em contacto com esta realidade politica e poder presenciar o funcionamento do sistema.
HM: Aliás, é muito provável que tenha sido o único fotografo a estar cirurgicamente em altura de eleições.
AJD: Sim, tentámos ter outra pessoa numa situação de eleições, na Guiné-Bissau, mas não foi possível obter autorizações para isso.
HM: Trabalhou muito na Ásia, algumas vezes com apoios da Fundação Oriente. Há algum país que o tenha marcado mais?
AJD: Gosto de espaços urbanos estruturados. Por exemplo, estive aqui em Fevereiro a fotografar para um projecto mais pessoal, que está a ser editado. Já não vinha a Macau desde 1999, portanto houve um hiato muito grande e surgiu toda esta realidade dos casinos. Foi como se tivesse vindo para um sítio completamente diferente, a mudança foi brutal, para quem vem de fora. Este projecto tem a ver com a arquitectura efémera dos casinos, que tem muito de cenário, de Las Vegas. Interessa-me continuar com este trabalho, que, espero, redundará em exposições e num livro.
HM: O que é que o atrai mais na Ásia?
AJD: Uma das razões porque trabalho na Ásia prende-se com a constante mutação, a uma velocidade diferente da europeia, em que as coisas são mais lentas e estagnadas. A Ásia tem este dinamismo, esta capacidade de destruir e construir as coisas, de tal forma que as cidades se tornam irreversíveis. Interessam-me estas velocidade e dinâmica asiáticas, assim como a forma como as pessoas adaptam esses novos espaços às suas necessidades.
HM: No futuro, a “kameraphoto” continuará a desenvolver este tipo de projectos?
AJD: Idealmente sim, mas vamos ver como é recebido este primeiro grande projecto que tenta ter uma dimensão mais global. É um projecto ambicioso e tudo depende de como foi aceite.
Entrevista: P. B./ Foto: António Falcão
Etiquetas: Entrevista, Fotografia, Jornalismo, Macau
o pai
UM pai morto talvez tivesse
Sido um pai melhor. Melhor ainda
É um pai nado-morto.
Volta sempre a crescer erva sobre a fronteira.
Tem de ser arrancada a erva
Sempre sempre a erva que cresce sobre a fronteira.
2
Gostava que o meu pai tivesse sido um tubarão
E despedaçado quarenta pescadores de baleias
(E eu aprendido a nadar no seu sangue)
A minha mãe uma baleia azul o meu nome Lautréamont
Falecido em Paris
Incógnito em 1871
heiner müller
o anjo do desespero
trad. joão barrento
relógio d´ água
1997
Etiquetas: Poesia
28.8.09
HOJE vai ser eleita a primeira direcção da Associação da Casa do Brasil em Macau, presidida por Jane Martins, que já reside no território há 23 anos. São muitos os planos dos representantes da única lista formada para dirigir a associação, cuja constituição já está publicada em Boletim Oficial e que, nesta fase, embora seja gerida por uma comissão instaladora, conta já com 84 sócios.
Terapia através do som
A forma como Bernard Grenier produz música, é, no mínimo, original. Tratam-se de vasos de cristal quartzo, que o canadiano faz soar através de grossas baquetas. De acordo com Aurora Santos, que promoveu um concerto do canadiano na Casa Garden, o som tem “funções terapêuticas”, dado que “através da sonoridade e vibrações, os vasos de cristal permitem alcançar o equilíbrio dos nossos centros energéticos e proporcionam uma verdadeira libertação”.
Bernard Grenier, que trouxe a Macau dez vasos de diferentes tamanhos, cada um com uma tonalidade diferente. fez uma demonstração ao Hoje Macau das potencialidades deste “instrumento único”. Mais do que o som directo, o que fica no ouvido é a reverberação que ecoa longamente pela sala. “Ao ouvir estes sons, as pessoas entram num estado de grande relaxamento e bem-estar”, conta o músico-terapeuta, que vive actualmente no Quebeque. “É como se fosse um carrilhão celestial, muito suave. Quando acabo de tocar, os ouvintes de todas as idades costumam estar muito calmas.”
Grenier apresentou-se pela primeira vez nesta zona da Ásia, mas é um velho conhecedor de Portugal, onde já morou durante três anos e onde realizou muitos concertos e conferências sobre Reiki, uma forma de medicina alternativa originária do Japão. Apaixonou-se pelos vasos de cristal há mais de dez anos, quando visitou uma mina de cristais no Quebeque e pode ouvir, pela primeira vez, o som que emana dos cristais. “Foi uma revelação, senti uma grande ligação e comprei imediatamente alguns vasos. Estava à procura de um instrumento para integrar no meu trabalho como terapeuta e ficou claro que o tinha encontrado.” A adaptação não foi difícil, dado que Grenier toca música desde criança, nomeadamente piano, flauta, saxofone, e clarinete.
Mais recentemente, o canadiano começou a usar o som dos cristais para providenciar “massagens sonoras e vibratórias, que ajudam as pessoas a abstraírem-se dos seus problemas e a estarem mais receptivas a si próprias”. Frisando que na China também há a cultura da terapia do som, mas “através de sinos metálicos que produzem uma sonoridade mais densa”, Grenier afirma que Cada concerto seu "é único e suscita emoções diferentes”.
Texto: P.B.
jean-arthur rimbaud
“iluminações / uma cerveja no inferno”
trad. de mário cesariny
estúdios cor
1972
Etiquetas: Poesia
27.8.09
Etiquetas: Música
pensamento do dia
26.8.09
ELEVAÇÃO mais acentuada da península de Macau, a colina da Guia é um ponto favorável em termos de estratégia militar e marítima. Ali foi edificada a Fortaleza da Guia, entre 1637-38, e, já em meados do século XIX, o farol da Guia, que é o mais antigo em toda a costa da China. Mas muitos desconhecem que no subsolo daquela área existe todo um complexo de túneis, que foram construídos pelos militares portugueses para servir de abrigos antiaéreos.
O complexo de túneis esteve sob tutela militar até ao fim dos anos 60, encontrando-se actualmente a cargo do IACM. Construído entre 1926 e 1931, foi financiado por uma verba que a então Junta Ultramarina (ligada do Ministério da Guerra) destinou a obras consideradas fundamentais para Macau, tais como as repartições públicas das ilhas e o aquartelamento do Carmo.
Hoje, apenas o mais pequeno dos túneis, com 52 metros de comprimento, está aberto ao público. Este subterrâneo atravessa a colina de sul a norte, tendo gravado na entrada a data de 1931, que indica o ano da construção.
Fotos: António Falcão
Etiquetas: Jornalismo, Macau
25.8.09
HENRY Vu tem um percurso invulgar. Engenheiro formado na Califórnia, Henry é hoje director e sócio de um restaurante japonês e quer montar mais casas do género na China interior.
Vu nasceu em Hong Kong, mas o facto de ter a família radicada em Macau fez com que aqui tivesse passado infância e a juventude. Acabados os estudos liceais, Henry Vu trabalhou num banco ainda em Macau e depois partiu para São Francisco, nos Estados Unidos da América (EUA), para onde foi durante quatro anos estudar engenharia. Uma passagem marcante por um pais que lhe abriu os olhos para uma nova cultura e para amizades. Ficou com “uma costela americana” que continua a cultivar, deslocando-se aos EUA uma vez por ano.
Já formado como engenheiro, Henry decidiu voltar para a Hong Kong natal, onde trabalhou na área da construção de edifícios durante cerca de um ano. Mas o apelo da família levo-o trocar a então colónia britânica por Macau, em 1996, desta vez para trabalhar no aeroporto de Macau, que havia sido inaugurado apenas uns meses antes, em Dezembro de 1995. Ali trabalhou enquanto engenheiro na concepção de sistemas técnicos.
O interesse deste engenheiro pela indústria da restauração surge um pouco mais tarde, em 2001, por intermédio de um irmão que abriu dois restaurantes no Hotel Landmark, um deles chinês e outro japonês. “Como eu era especialista na área da construção civil, esse meu irmão pediu-me para eu ir trabalhar com ele.” E foi dessa forma que, ao longo de cinco anos, começou a conhecer os meandros da área da restauração.
O passo seguinte era, lançar, com outros sócios, o seu próprio restaurante, bem no centro da cidade. E, dessa forma, surgiu aquele que é, até agora, o grande projecto da sua vida. Há 15 meses abria na Rua de Pequim o “Mitsui, Teppanyaki Japanese Cuisine”. Um amplo restaurante japonês bem no centro de Macau, que emprega 22 pessoas e corresponde a um investimento de seis milhões de patacas. A ideia de criar um japonês adveio de um gosto pessoal pelo “estilo moderno que os restaurantes japoneses têm, e também de uma aposta no mercado nipónico, visto que há muitos japoneses que visitam a RAEM”, explica Henry Vu.
O engenheiro convertido a empresário da restauração gosta de exibir com orgulho o vasto menu da casa que dirige, onde destaca o estilo Teppanyaki, uma forma tipicamente japonesa de cozinhar os alimentos usando um grelhador. Entre as iguarias que vão à grelha, Vu destaca a qualidade do “Matsuzaka Prime Sirloin” (1200 patacas), feito com “carne topo de gama”, ou pratos mais económicos e populares, como o “US Prime Sirloin” (200 patacas) e as variantes de Sashimi (entre 50 e 220 patacas) e Sushi (entre 22 e 160). Na cozinha aberta, onde os clientes podem ver o chefe macaense Ma Chi Hong (o mesmo que, há mais de 30 anos, dirigia a cozinha do restaurante japonês do Hotel Lisboa, então muito popular entre a comunidade portuguesa) confeccionar os pratos que vão degustar.
A clientela, segundo Henry Vu, é formada maioritariamente por pessoas de Macau, dado que a crise financeira “foi algo que não era previsível e acabou por trazer menos turistas do que esperávamos ao longo do primeiro ano de funcionamento”. O gerente admite que a visibilidade do “Mitsui” também é prejudicada pelo facto do seu restaurante estar localizado num segundo andar, com a entrada a ser feita por intermédio de um centro comercial e não directamente pela rua, algo que poderá ser minimizado pela colocação de um cartaz de grandes dimensões junto à rua, para o qual falta a licença já pedida.
Mas o empresário é um optimista e julga que há condições para fazer expandir o negócio e alargar a rede de restaurantes a cidades como Cantão, Xangai, ou mesmo Pequim.
Vu não faz tenções de voltar a ser engenheiro de profissão. Quer dedicar-se ao negócio de “fazer comida e fornecer um serviço agradável" aos comensais do “Mitsui”. Algo que lhe ocupa todo o dia e nem deixa tempo livre para praticar o futebol, que é mesmo o seu grande passatempo. Já foi jogador federado em Macau, mas agora limita-se a apreciar jogos na televisão. Cheio de bonomia, Vu quis despedir-se de jornalista e fotografo, brindando aos leitores do Hoje Macau com um cálice de sake. À saúde.
Texto: P.B./Foto: António Falcão
Etiquetas: Pessoas
O Nosso Desejo de Liberdade não é Sincero
Agostinho da Silva, in 'Sobre as Escolhas'
Etiquetas: Filosofia
24.8.09
Etiquetas: Música
pensamento do dia
Mário Crespo
23.8.09
O que faz não é apenas a aplicação de uma técnica física, é um bailado ágil, uma dança graciosa. Tal como outros grandes desportistas, e estou-me a lembrar de Muhammad Ali (aka Cassius Clay), os seus gestos têm uma dimensão artística. Envolve o adversário com manobras desgastantes e depois desfere o golpe letal.
dance like a butterfly, sting like a bee
Etiquetas: Desporto
Etiquetas: Música
22.8.09
- DAM all this, this isn't fair.
- Nothing is fair.
Gran Torino, mais um grande filme do improvável mestre Clint Eastwood.
Etiquetas: Cinema
21.8.09
Etiquetas: Música
20.8.09
ANDO a ouvir isto. A letra pode não ser um primor, mas a música é rock no seu melhor. Bom dia a todos, com mil marsápios!
Etiquetas: Música
19.8.09
JÀ que estamos na onda das efemérides, é importante destacar que há precisamente meio século era lançada a primeira edição do álbum "Kind of Blue", de Miles Davis e excelentíssima companhia. Parece-me quase uma heresia (ou um querer ridiculamente ser diferente) dizer, como José Duarte, que "é um bom disco e nada mais". O disco é muito mais do que isso, vem incluído quase sempre nas listas de melhores discos de todos os tempos (e não só de jazz). Mas o que me interessa é o feeling que tenho ao ouvir pela enésima vez esta obra prima. Desde que a ouvi pela primeira ocasião, há mais de 10 anos, nunca deixei de regressar ao seu swing. Aquilo é comunicação, é poesia. Só conheço dois discos de jazz equiparáveis: "Money Jungle", com essa tríade miraculosa constituída por Duke, Max Roach e Charles Mingus, e "A Love Supreme", de John Coltrane.
18.8.09
O som curativo do erhu
No Albergue, a famosa artista chinesa falou da “psicologia do ehru e de como a música pode curar a alma”. Com um som parecido com o de um violino, o ehru era tradicionalmente tocado por mendigos. É constituído por uma pequena caixa ressonante feita de madeira e pele de cobra, estrutura essa que suporta duas longas cordas, que são percutidas através de um arco de bambu.
O som produzido, de acordo com a descrição de Ma Xiaohu é “muito humano e muito espiritual, embora esteja associado com a tristeza e sofrimento”. Considerando que “a beleza tem origem no sofrimento”, a música pensa que o instrumento que domina como poucos é bem mais amplo no que respeita aos sentimentos que suscita: “O som do ehru é muito delicado, encantador, poderoso, quente, sensível e pode ser muito romântico.”
Ma Xiaohu começou a fazer concertos comentados há cerca de três anos, fruto de uma parceria com um psicólogo da Universidade da Passadena, na Califórnia. O objectivo é explicar a essência do instrumento e sempre “construir um belo jardim, onde a nossa alma possa encontrar amor e paz”, afirma a música, numa linguagem poética. “Há tantas pessoas deprimidas no mundo, por isso a minha intenção é trazer-lhes compaixão, calor, alegria e energia.”
A intérprete é internacionalmente reconhecida, principalmente desde a sua famosa colaboração com Yo-Yo Ma na banda sonora (vencedora de um Óscar) do filme “O Tigre e o Dragão” de Ang Lee. Em entrevista ao Hoje Macau, confessou que por vezes se sente “como uma cigana” partilhando a sua arte à volta do mundo. Ao longo das viagens de Ma Xiaohu, a reacção dos ocidentais que não estão familiarizados com o som do ehru tem sido unívoca: “Como chinesa, devia ser modesta, mas tenho que dizer a verdade. Adoram o som do instrumento e adoram-me também, porque tenho muito cuidado na escolha do repertório. A música é uma ponte e estabeleço diálogos entre o ehru com o piano, com o violoncelo, ou com orquestras sinfónicas”
A música já esteve em Macau muitas vezes, tendo actuado no território pela primeira vez em 1990. A mais recente apresentação decorreu no passado sábado, quando esteve na concerto na Igreja de S. Domingos, no âmbito de um concerto integrado no Ciclo de Música Chinesa da Orquestra de Macau, intitulado “Cenas da Vida Chinesa”.
Texto: P.B.
17.8.09
16.8.09
15.8.09
pensamento do dia
14.8.09
Some People
me, sometimes I'll lie down behind the couch
for 3 or 4 days.
they'll find me there.
it's Cherub, they'll say, and
they pour wine down my throat
rub my chest
sprinkle me with oils.
then, I'll rise with a roar,
rant, rage -
curse them and the universe
as I send them scattering over the
lawn.
I'll feel much better,
sit down to toast and eggs,
hum a little tune,
suddenly become as lovable as a
pink
overfed whale.
some people never go crazy.
what truly horrible lives
they must lead.
by Charles Bukowski
Etiquetas: Poesia
13.8.09
GOSPEL NOBLE TRUTHS
Born in this world
You got to suffer
Everything changes
You got no soul
Try to be gay
Ignorant happy
You get the blues
You eat jellyroll
There is one Way
You take the high road
In your big Wheel
8 steps you fly
Look at the View
Right to horizon
Talk to the sky
Act like you talk
Work like the sun
Shine in your heaven
See what you done
Come down & walk
Sit you sit down
Breathe when you breathe
Lie Down you lie down
Walk where you walk
Talk when you talk
Cry when you cry
Lie down you lie down
Die when you die
Look when you look
Hear what you hear
Taste what you taste here
Smell what you smell
Touch what you touch
Touch what you touch
Think what you think
Let go let it go slow
Earth Heaven & Hell
Die when you die
Die when you die
Lie down you lie down
Die when you die
New York Subway, October 17, 1975
— Allen Ginsberg (1926 – 1997), American poet
12.8.09
Indignidades
A ausência de salário mínimo em Macau leva a que a exploração não tenha limites. A exiguidade dos salários é tal que as trabalhadoras dizem receber mensalmente, em média, 2500 patacas (para as domésticas ‘internas’) a 3000 (para as que não residem em casa do patrão). Acresce a isto o facto de que muitas trabalhadoras domésticas internas acabam por ter que estar em serviço a todas as horas do dia, não tendo definido um horário de trabalho ou um regime de pagamento de horas extraordinárias. Escusado será dizer que não têm direito a qualquer período legal de férias. Isto não lhe faz lembrar os tempos da escravatura? Eu chamar-lhe-ia escravatura moderna.
Mas há muito mais: Para arranjarem trabalho em Hong Kong ou em Macau, estas mulheres chegam a ter que pagar uma comissão de 10 salários. Ou seja, só passam a receber o seu escasso provento depois de terem trabalhado quase um ano para a agência. É certo que estas agências operam muitas vezes a partir dos países de origem das imigrantes – embora com ramificações na RAEM -, mas não será possível regular de alguma forma a sua actividade?
Já a trabalhar em Macau, estas trabalhadoras confrontam-se com múltiplas dificuldades. Há casos em que os patrões retêm indevidamente os seus “blue cards”, coarctando dessa forma a sua liberdade de movimentos. Noutras situações, os salários são pagos com semanas e meses de atraso. No domínio da saúde, o cenário não é melhor. Para dar um exemplo, os imigrantes que não possuam cartão de residente de Macau têm que pagar mais duzentos por cento do que os residentes se quiserem fazer um teste de detecção do HIV.
O “excesso de permanência” foi outro contratempo denunciado pelas mulheres da União de Trabalhadores Imigrantes da Indonésia. De facto, os imigrantes portadores de “blue card” são obrigados a esperar seis meses sempre que deixam um trabalho. Só passado esse período podem voltar a ter um contrato de trabalho, situação que, associada ao facto de terem apenas dez dias para permanecerem no território findo o contrato, leva a que tenham que sair para outro país ou para Hong Kong.
Face a todas estas peculiaridades e irregularidades, o deputado Ng Kuok Cheong reconhece que a protecção de portadores de “blue card” relativamente a eventuais abusos de patrões sem escrúpulos ou de agências “é muito limitada”. “Se o passaporte ou o ‘blue card’ estiverem retidos pelo empregador, os imigrantes podem fazer queixa na polícia. O problema é que há um conflito de interesses, visto que quem está numa situação de excesso de permanência será duplamente penalizado se fizer queixa, pela própria polícia e pelo patrão, que provavelmente as despedirá”, disse o deputado às imigrantes.
A nova lei relativa ao trabalho imigrante deverá ser aprovada ainda nesta legislatura. Ng Kuok Cheong exortou todas as associações de imigrantes a darem sugestões sobre o projecto de lei “o mais cedo possível”. Será importante que as associações e a sociedade civil se pronunciem. Este modelo de exploração do trabalho fará parte do caminho da “harmonia”, que por aqui tanto se propagandeia?
Autor: P.B./Fotos: António Falcão
11.8.09
pensamento do dia
- Pois, pois, isso também diziam os membros do Politburo soviético...
Mas o que torna Mâncio em mais do que um mero seguidor de Confúcio é a defesa do amor-bondade, que ele encontra, em bruto, por exemplo, nas relações entre marido e mulher, pais e filhos. Se os maridos e os pais massacrarem por sistema as mulheres e os filhos, com as suas ideias, certezas e admoestações, estão a cometer um grave erro, que se traduz num preço elevado: pagam-no com o distanciamento dos familiares.
Não obstante, repetimos, o mais original da teoria de Mâncio é aquele que o aproxima de uma filosofia um pouco mais naturalista, quando defende que um homem adulto não deve perder os seus sentimentos de simplicidade de criança (Livro IV, secção B, XII), ou seja, a sua bondade natural, aquela de que muitos de nós sentimos falta, nas lutas que somos obrigados a travar diariamente e um pouco por todo o lado. Para quem se sente mal, por isto ou por aquilo, penso que ideias como estas são bem reconfortantes:
'A tendência da natureza humana para o bem é como a da água para baixo. Não há ninguém inclinado naturalmente para o mal, como a água não tende senão para baixo.'" (Livro VI, Secção A, cap.2-2)
pág.262
"Passo a resumir a perspectiva budista, que tanto me ajudou a encarar a realidade da morte. Todos os fenómenos da vida, com seres incluídos, são impermanentes. Aqueles de que muito gostamos, por um motivo ou outro, vão desaparecendo do nosso horizonte, nós próprios não duramos eternamente, embora alguns 'iluminados' julguem que escapam à lei natural da constante transformação. A vida é composta por estados transitórios, aos quais o budismo tibetano, por exemplo, dá o nome de bardos."
pág 253
Ana Cristina Alves, Crónicas da China, editora COD
10.8.09
humorista até ao fim
"Aqui jaz Raul Solnado
mas muito contra a sua vontade"
Of course all non-Chinese communities, no matter the Philippines, Indonesian, Thai, or even the British, American, and Japanese, deserve equal respect from others and especially from the government who should take the lead in building such kind of social harmony.
Macau, having been greatly influenced by the Portuguese settlement as early as in the 16th century and having recognised its historic background through retaining Portuguese as one of the official languages, there is little doubt that the presence of the Portuguese, or Macanese community is relatively more important to the region.
As I just mentioned, the government should set an example and always take the lead in showing the Macau population, in which ethnic Chinese constitute the majority, that attention to the Portuguese community should not be fading away under the governance of the Special Administrative Region.
I would say the simplest way to understand to what extent a government respects its people is to observe how the media are being treated.
It is said that the mass media is a bridge between the people and the government. As such, I believe that the local Portuguese journalists shall be given the same level of attention as their Chinese counterparts, for example, in government-hosted media events or press conferences.
The most common and straightforward way for people to learn about the government's policies and decisions is through reading newspapers or watching television news. If the Portuguese media are not being fairly treated in terms of the amount of information being given and other kinds of arrangements such as simultaneous interpretation or translation service, the chance of their readers and audience to fully know what's going on in the government thus is being minimised.
In the past two weeks, I witnessed the difficulty of the Portuguese journalists to understand what Mr Chui had said or what the associations had proposed in every election campaign event. You cannot blame those members of the associations for not being able to speak Portuguese or English, but it should be Mr Chui's election office's responsibility to give the non-Chinese reporters a hand, perhaps as simple as by arranging an interpreter.
It's still a mystery for me that an election candidate wasn't keen at all on speaking to journalists especially during the campaign period. And to make it worse, he gave exclusive interviews to only one (Chinese) Macau newspaper and even to one Hong Kong newspaper, just simply ignoring the importance of the Portuguese community, despite the election office had repeatedly promised the Portuguese journalists a first-hand interview once the campaign period kicked off.
The only justification I could think of is that the candidate didn't need much publicity - and it does make sense because he didn't rely on the support from the civilians but the 300 Election Committee members with many of them coming from those associations he paid visit to.
Our Chief Executive-Elect has repeatedly pledged to listen to public opinions. Certainly it's a good sign but keeping close and open communications with the media is also one of the essential means to create effective interactions between government officials and citizens.
Eliminating unnecessary bureaucracy and meeting the press regularly won't only increase transparency but also make good use of the positive role media can play in society."
by Natalie Leung, Macau Daily Times
Etiquetas: Jornalismo, Macau
Rubens Barrichello, sobre o acidente de Massa na Hungria.
Etiquetas: Desporto
9.8.09
8.8.09
YOU'RE Innocent When You Dream
running through the graveyard
we laughed my friends and I
we swore we'd be together
until the day we died
until the day we died
Etiquetas: Música
6.8.09
5.8.09
Portugal detém a condição de país mais desigual da UE e de portador de maior índice de pobreza relativa, com um valor que há anos estabilizou nos 20/21 por cento, o que se traduz com dois milhões de portugueses a rendimentos inferiores a metade do rendimento médio nacional, em contrapartida 25% do que se produz está nas mãos de cem pessoas, o salário mínimo também já é o mais baixo ou um dos mais baixos da UE.
4.8.09
Sempre de viola atrás
Desde então, o percurso de Zico, que nasceu em Angola e chegou a Lisboa com dois anos, passou a ser feito sempre “com a viola atrás”, com uma pausa para fazer o serviço militar. Quando saiu da tropa, não teve grandes dúvidas em relação ao que queria fazer da vida. Prestou provas de audição na Escola de Jazz do Hot Club de Portugal e o seu talento ficou patente. “Na sequência da audição, eles queriam pôr-me num grau superior, mas eu quis começar do início, como se não soubesse nada de guitarra.”
Entre 2001 e 2004, o guitarrista frequentou os três anos do curso do prestigiado clube de jazz lisboeta, que pagou trabalhando no período estival como barman na ilha de Tavira. Foi nesta cidade algarvia que começou a conhecer mais músicos, em jam sessions que se prolongavam pela madrugada fora. “As pessoas gostavam da minha música e começaram-me a arranjar bares para tocar no Algarve”, relembra. Zico estava saturado de Lisboa e decidiu então viver para Tavira, aos 27 anos, onde acabou por formar uma banda. O passa-palavra fez com que os concertos na região se sucedessem, para além de bares foi tocando a solo em vários hotéis.
Apesar de ter estudado no Hot Club, Zico não se considera um músico de jazz. Na opinião deste intérprete, “não se trata apenas de dominar a técnica, só se é músico de jazz quando se chega aos quarenta ou cinquenta anos, porque prodígios do jazz há poucos”. Para se ser músico de jazz é preciso “andar muitos anos a correr os clubes e a tocar”, assevera. Ainda segundo a sua visão, jazz é uma música que surge com o amadurecimento das pessoas. “Eu há uns anos não gostava, achava uma música estranha”.
O certo é que o género musical não está muito difundido em Macau, apesar de já ter existido um clube dedicado parcialmente ao jazz, o Clube de Jazz, que muitos locais recordam com saudade. Para Zico, este espaço de música ao vivo “não pegou, porque as pessoas aqui querem música mais mexida, vão aos bares para tomar um copo e gostam de ouvir um pouco de blues, ou de rock.”
O seu gosto musical amplo - que vai de B.B. King a Jimi Hendrix, passando por Bon Jovi, Bob Marley, ou Cyndi Lauper - aliado à formação da escola de jazz resulta em performances musicais multifacetadas. “Eu posso tocar pop introduzindo escalas de jazz pelo meio, o que resulta numa maior riqueza musical. Por vezes, os clientes dos hotéis vinham-me dizer que gostavam das minhas versões das músicas, por terem um toque diferente, que nem sempre conseguiam identificar. Aqueles com maiores conhecimentos de música comentavam que eram versões ‘meio ajazalhadas’”.
A recente vinda para Macau surgiu através de um convite feito à sua mulher para trabalhar no território. Zico pensou que, tal como vingou no Algarve, o poderia fazer em Macau. Mal chegou, no fim do ano passado, começou a conhecer músicos, a frequentar as jam sessions do bar Old Taipa Tavern (onde toca todas as semanas, às segundas-feiras) e a tentar arranjar outros locais para tocar. Entretanto, vai começar a actuar em eventos institucionais – tal como já fazia em Portugal – e tem animado as quintas feiras do Sports Bar, na Taipa, para além de dar aulas particulares de guitarra.
Um dos seus objectivos actuais passa por encontrar músicos radicados em Macau que lhe permitam formar uma banda que cruze estilos musicais, tais como o jazz, o blues e o pop-rock. “Quero chegar com uma banda a vários ambientes Em Macau e em Hong Kong há mercado para isso, há muitos hotéis, restaurantes, bares e eventos empresariais onde me poderia apresentar com um projecto desses”, comenta. Outro plano passa por gravar um álbum de originais, algo que ainda não fez. A sua única colaboração discográfica aconteceu em Portugal, através da participação num álbum a solo de Beto Medina, um músico que fez parte dos Black Out.
Zico pretende continuar pela RAEM “a conhecer mais pessoas e a ver o que é que se pode fazer musicalmente”. E sempre praticando a sua arte, não só enquanto músico de bar, mas também trabalhando em todas as áreas para se possa expandir, tais como as bandas sonoras e a música ambiente. “Tocar em vários géneros de eventos faz crescer musicalmente. É preciso adaptar o repertório às circunstâncias”, conta.
Para além da música, o único hobby que Zico cultiva é o futebol, que tem praticado em Macau. Mas o músico confessa que “passa a maior parte do tempo com a guitarra, tocando ou estudando”.
Texto: P.B., Foto: António Falcão, artigo publicado no Hoje Macau.
3.8.09
Etiquetas: Música
2.8.09
Só entra quem está nu
Por: Ricardo Dias Felner (Revista Sábado)
"Quando ultrapasso o sinal que delimita a zona nudista do Parque de Campismo da Quinta dos Carriços, surge um homem grande, todo nu, 1,90 de altura, bem mais de 100 quilos. À passagem do carro interrompe a preparação do jantar, em frente à tenda, e aproxima-se do pequeno caminho que galga a colina, fazendo-me um ligeiro aceno com a cabeça. A sua mulher, uniformemente bronzeada, pára também de pôr a mesa, o mesmo olhar inquisidor. Retribuo respeitosamente e sigo a baixa velocidade, procurando um sítio que obedeça a dois critérios: seja suficientemente longe dos outros campistas para que não se sintam vigiados; seja suficientemente perto dos outros campistas para que eu experimente o ambiente naturista.
A escolha é difícil. Dou outra volta à colina e passo novamente junto ao homem grande. Está agora em cima da estrada, como se aguardasse a minha passagem. “Bonsoir”, atira, a voz grossa. “Bonsoir”, respondo sem abrandar. Decido-me, finalmente, pelo outro extremo do monte, estacionando numa pequena encosta, polvilhada de figueiras e oliveiras. O poiso permite-me uma perspectiva de coruja. Lá em baixo, a maioria dos campistas janta, tranquilamente, sem qualquer roupa, aproveitando o anoitecer ameno do Algarve. Mas no exacto instante em que desligo o carro os seus movimentos congelam-se.
Toda a gente – uma dúzia de casais estrangeiros – parece suspensa pelo meu próximo gesto. A pressão é terrível. Adivinho os comentários (“É um campista enganado”. “É um oportunista em busca do melhor terreno do parque”. “É um solteirão à procura de sexo grupal”). Tenho rapidamente de enviar um sinal de confiança. Respiro fundo e dirijo-me, então, para a bagageira. Antes mesmo de desensacar a tenda, desensaco-me a mim. Só depois me dedico à construção do lar. Posicionado de cócoras, o corpo nu balançando ao ritmo das marteladas nas espias, ouço o tilintar dos talheres nos pratos. Aa normalidade havia sido restabelecida. Superara a prova da tenda, já era um deles. Ou assim julgava.
O homem grande trataria de me mostrar que estava enganado.
De início, o objectivo era apenas escrever uma reportagem sobre nudismo na praia. A ideia de incluir o campismo surgiria já depois de um nu integral na praia da Bela Vista, na Costa da Caparica, e de outro na Ilha de Tavira. Essas etapas haviam sido ultrapassadas sem danos psicológicos graves, mas no final continuava-me a escapar a vivência, a filosofia naturista. Sentia que precisava de algo mais profundo, mais libertador. Muito do que vira até aí tinha mais que ver com sexo do que com uma busca pela comunhão com a natureza, no seu estado original.
Na altura, contudo, não reconheci devidamente as diferenças entre as duas experiências. Na praia, permanecera deitado ao sol, sempre deitado ao sol, sem me mexer. No campismo, por seu lado, teria de deambular nu, comer nu, lavar a loiça nu, montar a tenda nu. Mesmo reconhecendo ser as praias a sul da Bela Vista as mais agitadas e promíscuas de Portugal - tendo assistido ao corrupio de engates, entre homossexuais, nas dunas da Costa da Caparica - não há comparação. O campismo naturista, ainda que saudável, seria uma experiência mais extravagante.
No dia seguinte, ainda umas sete da manhã, acordo com o som de uma passada rápida intrometendo-se no canto das rolas. Abro o fecho da tenda e espreito cá para fora. Um homem de barbas farfalhudas, o cabelo desgrenhado, de um louro quase branco, faz o seu jogging matinal. Equipamento: meias e sapatilhas. Os meus vizinhos mais próximos, um casal sexagenário francês, também já acordaram, mas desprezam o atleta madrugador: ele permanece imperturbável de livro no colo, esparramado numa espreguiçadeira, de frente para o sol, junto à caravana; ela nas lides domésticas, estendendo roupa (Para quê?, pergunto-me).
Saio da tenda. Antes de ir ao balneário, o primeiro instinto é vestir uns calções e uma t-shirt. Chego a enfiar uma das pernas na roupa, só me apercebendo depois que não é suposto fazê-lo. A única coisa necessária é um par de chinelos (aliás, se acrescentarmos protector solar, uma toalha e uma bolsa de produtos de higiene, temos um kit completo para a estadia no parque da Quinta dos Carriços – em Salema, entre Lagos e Sagres, um dos três campings naturistas existentes em Portugal). Dito isto, qualquer iniciado vê neste despojamento vários constrangimentos. Os 50 metros entre a tenda e a casa de banho, que calcorreio apressadamente, parecem-me um calvário interminável. O quadro é ridículo: um homem despido, pochette debaixo do braço, cumprimentando à sua passagem outras pessoas despidas. Até os coelhos, paralisados no meio da estrada, parecem assustados, enfiando-se no arvoredo.
Já no balneário, um campista checo pincela a cara com espuma para a barba; dois lavatórios ao lado, de frente para o espelho, a mulher do homem grande espalha creme hidratante pelo corpo - por todo o corpo. Procuro ser o mais discreto possível, soltando um “good morning” tímido e dirigindo-me logo para o chuveiro. Também nesta área o acesso é misto. No compartimento ao lado, um casal espanhol partilha o banho. Depois, há-de chegar um casal e os seus dois filhos adolescentes. O acesso simultâneo permite poupar fichas de água quente e é um momento de convívio familiar.
À saída, pergunto por praias nudistas na região a um turista espanhol. Ele abre muito os olhos, surpreendido, como se a resposta fosse evidente: “Na zona, nenhuma praia é naturista e todas o são. Compreendes?”
Decido-me, todavia, pela praia das Adegas, em Odeceixe. Não é a mais próxima: uns 40 quilómetros de caminho, subindo por Aljezur, junto à costa oeste. Mas é uma praia naturista licenciada, uma das cinco reconhecidas pelo Estado.
À chegada, espreito pelo miradouro e vejo um rabo. Não há que enganar. Desço a longa escadaria (há quase sempre uma longa escadaria até uma praia nudista) e escolho um cantinho. A primeira surpresa é o nadador-salvador: bem no meio do areal, uma meia-lua bordejada por rochas altas, um rapaz está de calções em t-shirt, olhando os banhistas, uma trintena deles.
A segunda surpresa ocorre quando, numa atitude inédita, arrisco levantar-me e caminhar até ao mar. Estou disposto a sair do armário, a dar o meu grito do Ipiranga. É um percurso difícil, quase espiritual, absolutamente decisivo na carreira de um naturista. Ultrapassada a areia seca, tudo parece correr bem. Não ouço vaias, nem sinto fruta podre embatendo nas minhas nádegas brancas. O pulso também está controlado e a respiração normal. O que mais receio, agora, são mesmo as ondas gélidas da costa oeste trepando-assustadoramente pelas pernas. Ui. Ponho-me em bicos de pés, adio aquele momento. Sou a única pessoa no mar, o anfiteatro todo concentrado em mim. Procuro alhear-me disso. Não consigo: olho fugazmente a audiência. Pânico. A escassos 20 metros, passa o pesadelo do nudista: o colega de profissão. De trás de um rochedo, de rompante, aí está o António como nunca o vira. Pior: aí está o António com a sua namorada como nunca os vira. Procuro esconder a cara, não fazer gestos bruscos e limitando-me a um desvio estratégico. Julgo que eles fazem o mesmo, julgo mal: quando volto a espreitá-los vejo sorrisos trocistas. Não quero acreditar. Pode ter sido só insegurança minha, uma alucinação persecutória. Somos adultos, somos naturistas; não somos crianças no recreio gozando com as partes de cada um. O meu colega não ousaria comparações infantis ou comentários sobre a falha reveladora no meu bronze.
Só que volto a espreitar. E volto a vê-los com a mesma disposição divertida, os mesmos sorrisos.
De regresso ao acampamento, decido abordar o homem grande. Ao segundo dia, já estava capaz de lavar os dentes nu, já conseguia passear nu pelo parque – muito bonito e tranquilo e bem mantido, por sinal. Mas continuava a falhar-me a linguagem das árvores e dos passarinhos, sendo o nudismo uma obrigação e não uma fruição descontraída. Precisava de ajuda e, aparentemente, ninguém melhor do que o homem grande – o mais frontal dos campistas - para me ajudar.
O momento que escolhi para o encontro não foi inocente. Era já noite e soprava um vento frio de Sagres. Os campistas estavam todos tapados. Quando me aproximei, o casal bebia Monsaraz sentado na mesa em frente à tenda. Só uma luz amarelada, proveniente de um pequeno candelabro, iluminava as suas caras. O homem grande levantou-se na minha direcção. Expliquei-lhe o que pretendia - e foi como se ele o soubesse desde o início, como se tivesse escrito “jornalista” na testa.
Ofereceram-me do seu vinho, muito simpáticos – quase aliviados –e apresentaram-se: Marc e Ann, belgas, casados, duas filhas. Ela com 55 anos, preferiu não revelar a profissão; “ele um pouco mais velho”, assumiu-se como um ex-militar. Há oito anos que fazem férias naquele sítio, precisamente naqueles cinco metros quadrados logo no início da zona naturista do camping. “Sou uma espécie de segurança. Sei sempre quem entra aqui”, diz Marc.
Ao terceiro copo, pergunto-lhes que perfil traçaram de mim, na primeira vez que me viram. Se se aperceberam que era um novato. Respondem os dois ao mesmo tempo: “Claro”. Como? Ann, que conhecera na casa de banho, adianta-se, rindo: “Os naturistas olham-se nos olhos”. Marc percebe a delicadeza do assunto. Intromete-se. “É uma coisa que não se explica. Nós sentimos quando alguém não é naturista. Foi por isso que quando parou o carro, eu fui aqui por trás, subi aquele monte, e fiquei a vigiá-lo. Como se despiu logo e estava a tratar da tenda, vim-me embora. Fiquei tranquilo.”
Já no plano conceptual, a primeira coisa que Marc procura esclarecer é a diferença entre nudismo e naturismo. “Nudismo tem mais que ver com exibicionismo. Nós não iríamos à praia da Costa da Caparica a que você foi, por exemplo. Nem a Cap D’Agne, em França, onde as pessoas e os casais procuram experiências sexuais. Eu nunca tive uma erecção na praia. O que nos interessa é sentirmo-nos unificados com a natureza.”
Seguiram-se outras razões, cultas e sofisticadas. Marc chegou a citar Virgilius, um poeta da Roma antiga. E ambos sublinharam o espírito de solidariedade – “ajudamo-nos uns aos outros” –, as preocupações ecologistas – “somos quem mais limpa as praias -, bem como uma espécie de regresso à pureza da humanidade e a um estado onde “a marca dos calções de banho não distingue as pessoas”. No final, no entanto, tudo se simplificou. “Ser naturista é andar dois quilómetros a pé para encontrar uma praia paradisíaca, selvagem, onde não faz sentido estar vestido”, sintetizaria Marc, naquele que me pareceu o argumento mais convincente da noite.
Na manhã seguinte, fui ter com o atleta madrugador. Queria ouvir outra opinião. E não podia deixar de falar com alguém que me parecia estar num estádio mais elevado do seu processo naturista. Só hesitei na minha apresentação. Se fosse vestido estaria a quebrar o protocolo naturista; se fosse despido estaria a inaugurar uma forma – excêntrica - de entrevista jornalística. Por fim, decidi-me pela segunda opção. Agarrei num bloco e numa caneta, calcei os chinelos, e desci a pé até à sua tenda. O campista acabara de correr e descansava agora ao sol, o corpo branco ainda suado. Friedrich, 55 anos, professor de alemão na Alemanha, não tinha nada de lunático. Nem estava na primeira divisão do nudismo. “Apenas gosto de sentir o sol e o vento na pele”, disse-me, recusando teorias fundamentalistas sobre o assunto. “Quando posso, deixo que todo o corpo tenha esse prazer”.
Antes de me lançar à estrada, ainda falei com o casal belga. Marc prontificou-se a revelar-me o paraíso. Sacou de um mapa militar e perguntou-me com a sua voz de comandante – “Sabe ler um mapa militar, não sabe?”. Depois, esboçou os trajectos até três das mais belas e secretas praias do Algarve, entre Lagos e Vila do Bispo. “Oficialmente não são naturistas, mas é como se fossem. De uma forma geral, nós deslocamo-nos para o lado direito do areal”, aconselhou-me.
Segui as indicações e já com um pé numa praia perto de Figueira, quase me converti. Depois de meia dúzia de quilómetros por atalhos e estradas de terra, surgiu-me o areal magnífico, intocável, da praia das Furnas, só uma dúzia de pessoas educadamente encostadas às rochas douradas, protegendo-se do sol dentro de grutas. Havia naturistas e pessoas de fato de banho, crianças e velhos, num convívio tranquilo.
O mar era um espelho plano, transparente.
Quem não se despe por isto?
Praias paradisíacas para nudistas
Praia das Furnas
Onde: Entre Figueira e Raposeira
Como chegar: Na estrada de Salema para Figueira virar à esquerda, a seguir a pequena ponte, seguir caminho de brita, virar à esquerda quando vir pequeno depósito de água à sua direita, contornar casa pela direita e voltar a virar à esquerda após nova pequena ponte.
Estacionamento: Sim.
Distância do areal: 100 metros, 30 dos quais por terreno pedregoso.
Naturismo: Aceite. Ao contrário do que é habitual ocorre mais no lado esquerdo da praia, num recanto abrigado por rochas. Misto entre estrangeiros e portugueses.
Ambiente: Casais, famílias, novos e velhos.
Nadador-salvador: Não.
Praia dos Pinheiros
Onde: Junto à Praia do Camilo, em Lagos
Como chegar: Seguir até à praia do Camilo. Estacionar e continuar a pé pelo caminho estreito de terra, em direcção a oeste, cortar à esquerda quando surgirem quatro pinheiros mansos e descer por escadas improvisadas com tábuas.
Estacionamento: Sim.
Distância até ao areal: uns 100 metros, fora a escadaria íngreme com umas boas dezenas de degraus.
Naturismo: Não é praia naturista oficial, mas só lá vai quem se quer despir integralmente.
Ambiente: Naturistas veteranos. O presidente do Clube de Naturismo do Sul é um habitué. Mas também alguns exibicionistas. Casais jovens, estrangeiros sobretudo.
Nadador-salvador: Não.
Praia da Barriga
Onde: Vila do Bispo, na costa oeste do Algarve, entre a praia da Barriga e a do Castelejo.
Como chegar: Logo à saída de Vila do Bispo, na estrada para Aljezur, cortar na tabuleta que diz Perímetro Florestal. Seguir estrada de terra, durante uns três quilómetros. Alguns troços podem danificar um carro ligeiro.
Estacionamento: Sim.
Distância até ao areal: Entre 200 e 500 metros.
Naturismo: Não é praia oficial. Chegado à praia da Barriga, ou se desloca para um areal do lado direito, após o rochedo, ou caminha para o lado esquerdo, em direcção à praia do Castelejo. O areal é extenso.
Ambiente: Sobretudo casais e famílias estrangeiros. Descontraído.
Nadador-salvador: Não.
Praia das Adegas
Onde: Fica colada à praia de Odeceixe, para sul. Na maré vazia pode mesmo aceder-se a partir desta.
Como chegar: Seguir para praia de Odeceixe, estacionar na falésia a sul.
Estacionamento: Sim.
Distância até ao areal: 50 metros mais escadaria.
Naturismo: É uma praia oficial, porventura a mais bonita das cinco existentes. Só naturistas, praticamente.
Ambiente: Misto entre casais portugueses e estrangeiros. Bastantes jovens. Pessoas vestidas não são bem-vindas.
Nadador-salvador: Sim.
Praia do Barril
Onde: Ilha de Tavira, entre praia do Barril e do Homem Nu.
Como chegar: seguir até Pedras Salgadas, a meia-dúzia de quilómetros de Tavira. Estacionar aí. Apanhar comboio turístico até Praia do Barril. Caminhar para a direita.
Distância até ao areal: Uma vez na praia do Barril, são cerca de 1000 metros até zona nudista.
Naturismo: É praia licenciada. Praticamente só naturistas, instalados espaçadamente.
Ambiente: Casais portugueses e estrangeiros, alguns mirones.
Nadador-salvador: Não.
Dicas para desmascarar mirones:
1 – Normalmente não conseguem evitar um certo embaraço por estarem nus;
2 – Instalam-se junto das mulheres mais bonitas da praia;
3 – Alguns começam a chamar a atenção dos outros nudistas, emitindo sons como “pssst” ou fazendo outras coisas estranhas.
Etiquetas: Jornalismo, Portugal
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