18.8.09

O som curativo do erhu

A filosofia de Ma Xiaohu, a virtuosa do ehru se apresentou num concerto comentado no Albergue da Santa Casa da Misericórdia, “é trazer beleza, amor e harmonia ao mundo” através da sua música. Ao longo dos últimos 12 anos, a intérprete tem percorrido o mundo a mostrar o som do instrumento tradicional chinês.
No Albergue, a famosa artista chinesa falou da “psicologia do ehru e de como a música pode curar a alma”. Com um som parecido com o de um violino, o ehru era tradicionalmente tocado por mendigos. É constituído por uma pequena caixa ressonante feita de madeira e pele de cobra, estrutura essa que suporta duas longas cordas, que são percutidas através de um arco de bambu.
O som produzido, de acordo com a descrição de Ma Xiaohu é “muito humano e muito espiritual, embora esteja associado com a tristeza e sofrimento”. Considerando que “a beleza tem origem no sofrimento”, a música pensa que o instrumento que domina como poucos é bem mais amplo no que respeita aos sentimentos que suscita: “O som do ehru é muito delicado, encantador, poderoso, quente, sensível e pode ser muito romântico.”



Ma Xiaohu começou a fazer concertos comentados há cerca de três anos, fruto de uma parceria com um psicólogo da Universidade da Passadena, na Califórnia. O objectivo é explicar a essência do instrumento e sempre “construir um belo jardim, onde a nossa alma possa encontrar amor e paz”, afirma a música, numa linguagem poética. “Há tantas pessoas deprimidas no mundo, por isso a minha intenção é trazer-lhes compaixão, calor, alegria e energia.”
A intérprete é internacionalmente reconhecida, principalmente desde a sua famosa colaboração com Yo-Yo Ma na banda sonora (vencedora de um Óscar) do filme “O Tigre e o Dragão” de Ang Lee. Em entrevista ao Hoje Macau, confessou que por vezes se sente “como uma cigana” partilhando a sua arte à volta do mundo. Ao longo das viagens de Ma Xiaohu, a reacção dos ocidentais que não estão familiarizados com o som do ehru tem sido unívoca: “Como chinesa, devia ser modesta, mas tenho que dizer a verdade. Adoram o som do instrumento e adoram-me também, porque tenho muito cuidado na escolha do repertório. A música é uma ponte e estabeleço diálogos entre o ehru com o piano, com o violoncelo, ou com orquestras sinfónicas”
A música já esteve em Macau muitas vezes, tendo actuado no território pela primeira vez em 1990. A mais recente apresentação decorreu no passado sábado, quando esteve na concerto na Igreja de S. Domingos, no âmbito de um concerto integrado no Ciclo de Música Chinesa da Orquestra de Macau, intitulado “Cenas da Vida Chinesa”.

Texto: P.B.

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