31.1.09
29.1.09
espécie de Natal e reveilon ao mesmo tempo
A avaliação do China Daily, o jornal oficial de língua inglesa, é idêntica: “Depressão económica não consegue estragar a festa”. “Foi como no ano passado, ou talvez até um pouco mais”, disse um diplomata europeu acerca de exuberância do fogo de artifício com que milhões de chineses celebraram a entrada no Ano do Búfalo. Até domingo, véspera do início do Ano do Búfalo, já tinham sido vendidas em Pequim cerca de 230.000 caixas de fogo de artificio, mais 28 por cento que no ano passado.
A passagem do ano lunar, uma espécie de Natal e reveilon ao mesmo tempo, é a maior festa tradicional da China e das comunidades chinesas espalhadas pelo mundo. O governo proporciona apenas três dias oficiais de feriado, mas muitas empresas e a própria administração pública param uma semana inteira. E os estudantes, cujo ano lectivo começa no início de Setembro, têm direito a três semanas de férias.
Hoje, em algumas zonas de Pequim, as tendas vendendo fogo de artifício eram os únicos estabelecimentos abertos. (Durante doze anos, até 2006, por razoes de segurança, foi proibido lançar fogo de artificio dentro do perímetro urbano da capital chinesa). Pelas contas do governo, de 11 de Janeiro a 19 de Fevereiro, os comboios chineses deverão transportar 188 milhões de passageiros, mais 8 por cento do que em 2008, e os aviões cerca de 23,2 milhões, um aumento de 12 por cento.
As operadoras de telecomunicações esperam que o volume de «sms» enviados durante esta quadra ultrapasse os 18.000 milhões – 27 por cada um dos 641 milhões de telemóveis do pais – e mais 1.000 milhões que em 2008.
O búfalo, um dos 12 signos do milenar zodíaco chinês, é um animal associado ao trabalho árduo e à persistência, duas qualidades especialmente necessárias para enfrentar a crise financeira global.
Em 2008, a economia chinesa cresceu apenas 9 por cento – menos quatro pontos percentuais do que em 2007 e a primeira vez, nos últimos seis anos, que o crescimento foi inferior a 10 por cento.
O abrandamento acentuou-se no último trimestre do ano, quando as exportações chinesas começaram a descer e o desemprego chegou aos 4,2 por cento, o valor mais alto dos últimos cinco anos. Mas segundo a Xinhua, os chineses não se limitaram a comprar fogo de artifício e terão mesmo entrado numa “febre de compras”. A população de Pequim, pelo menos, gastou mais 13,4 por cento que no ano anterior.
O aumento da procura interna é uma das prioridades do governo para tentar compensar o declínio das exportações.
AC.
Lusa/Fim
28.1.09
27.1.09
Sede de palco
COM apenas 21 anos, Germano Guilherme já teve direito a mais do que os quinze minutos de fama que Andy Wahrol previa que todos teríamos um dia. O macaense cantou nas cerimónias de abertura dos Jogos da Lusofonia, em 2006 e nos Jogos Asiáticos em Recinto Coberto, no ano passado, perante uma audiência oriunda de mais de 40 países. “Foi uma alegria e uma grande oportunidade de estar num palco muito grande e poder representar Macau, com muita gente a ver”, recorda o jovem.
Germano é oriundo de uma família poliglota, em cuja casa se fala o português, mas também o chinês, o inglês e, frequentemente, se misturam as línguas. “Temos aquela pancada de falar português misturado com palavras em chinês, ou vice-versa: falamos em chinês e metemos pelo meio o português”, conta. Essa versatilidade faz com que domine o cantonense, o mandarim e o português. Por isso decidiu escolher a área da linguística para estudar. Após ter passado por várias escolas, entre as quais a Escola Portuguesa, está agora no Instituto Politécnico a estudar no terceiro e penúltimo ano do curso de tradução de português-chinês. Considera que essa é uma “boa aposta” que abre perspectivas de trabalho.
Mas mais do que tradutor, Germano quer ser artista, se tiver a oportunidade para isso. “Por enquanto, ponho os estudos em primeiro lugar , depois verei mesmo o que quero fazer. É provável que comece pela área da tradução, se conseguir arranjar emprego. Mas tenho grande interesse no palco, gosto de cantar, de teatro, de ser modelo. Tudo o que seja palco eu gosto”, diz com entusiasmo. O certo é que os primeiros passos nesse sentido estão dados. Já desfilou em diversos eventos como modelo, já posou para revistas e é dono de uma voz afinada, cantando em jantares e em espectáculos esporádicos, sempre que é convidado.
Canta também no grupo de teatro e coro musical macaense Doci Papiaçám, que recentemente celebrou o décimo quinto aniversário. Antes de ingressar no grupo não dominava o patuá, dialecto em que o grupo se expressa, mas entrou pelo gosto de experimentar o palco. A primeira peça em que participou foi “Vila Paraíso”, em 2006 e desde então tem entrado em todas as encenações de Miguel Senna Fernandes. Descreve o ambiente dos ensaios como descontraído e, ao mesmo tempo, profissional. “Aquilo é uma festa, um grupo de amigos que é capaz de brincar mas também é capaz de se concentrar com seriedade. Trabalhamos como se fôssemos profissionais, todos sabemos os nossos lugares e aquilo que temos que fazer. E há sempre comida, bebida e boa disposição.
O jovem artista tem aprendido as expressões características do patuá aos poucos e defende que é responsabilidade dos mais novos conservar o crioulo e evitar que ele desapareça. Por isso, é um dos mais novos elementos dos Doci Papiaçám e tenta convencer os amigos a participarem. “Dizem que querem entrar, mas depois não aparecem nos ensaios, acho que têm vergonha”, analisa
Em temos incertos como os de hoje, Germano está consciente de que o seu futuro dependerá das propostas que lhe fizerem e até dos acasos da vida. Por enquanto, não pensa muito em sair de Macau para seguir uma carreira artística. “Gostava de sair, mas também gostava muito de permanecer na minha terra”, confessa. “É tudo pertinho, já tenho amigos aqui, a família está toda aqui, Se emigrar, tenho medo de não me conseguir adaptar às pessoas e ao clima”. O seu lema de vida revela uma maturidade que nem sempre se encontra num rapaz da sua idade: “Devagar se vai ao longe. Aquilo que vem eu recebo, se não gostar não recebo, é assim.”
PB
[Relativamente a este artigo, estava no café e topei a empregada filipina a pedir a um português habitué da casa que lhe dissesse em inglês o texto. Ele ia contando e ela susprirando, "oh, he's very beautiful, he usually comes here to have coffee" - realmente o rapaz é bonito. E eu senti que ali o jornalismo estava a cumprir um dos seus mais nobres papéis, o de alimentar o imaginário romântico de meninas núbeis. É sempre interessante receber feedback do nosso trabalho, principalmente quando não fazem ponta de ideia de que fomos nós que o fizemos.]
Etiquetas: Jornalismo, Macau, Pessoas
26.1.09
SERGE Gainsbourg - Vieille Canaille
J's'rai content quand tu s'ras mort
Vieille Canaille
J's'rai content quand tu s'ras mort
Vieille Canaille
Tu ne perds rien pour attendre
Je sau - rai bien te descendre
J's'rai content d'avoir ta peau
Vieux Chameau
Je t'ai r'çu à bras ouverts
Vieill' Canaille
T'avais toujours ton couvert
Vieill' Canaille
T'as brûlé tous mes tapis
Tu t'es couché dans mon lit
Et t'as bu tout mon porto
Vieux Chameau
Puis j't'ai présenté ma femme
Vieille Canaille
Puis j't'ai présenté ma femme
Vieille Canaille
Tu y a fait du baratin
Tu l'embrassais dans les coins
Dès que j'avais tourné l'dos
Vieux Chameau
Puis t'es parti avec elle
Vieille Canaille
Puis t'es parti avec elle
Vieille Canaille
En emportant la vaisselle
Le dessous d'lit en dentelle,
L'argent'rie et les rideaux
Vieux Chameau
Mais j'ai sorti mon fusil
Vieille Canaille
Mais j'ai sorti mon fusil
Vieille Canaille
Et quand j'te tiendrai au bout
Je rigol'rai un bon coup
Et j't'aurai vite refroidi
Vieux Bandit
On te mettra dans un' tombe
Vieille Canaille
Et moi j'irai faire la bombe
Vieille Canaille
À coups de p'tits verr's d'eau-d'vie
La plus bell' cuit' de ma vie
Sera pour tes funérailles
Vieille Canaille
Vieille Canaille
Vieux Chameau
Etiquetas: Música
25.1.09
24.1.09
“O jornalismo contém em si uma epistemológica contradição. Como historiadores do instante, os jornalistas fabricam a memória, mas, incapazes de reter a História do Jornalismo (que não é a mesma coisa que a História da Imprensa), fabricam em simultâneo o seu próprio esquecimento. Na avidez na notícia, vampirizam o presente, e o presente paga-lhes na mesma moeda: jornalista que deixe de escrever deixa de existir, para em breve nunca sequer ter existido. As stars jornalísticas do momento que se preparem: por muito que hoje andem nas bocas do mundo, um dia virá em que ninguém sabe quem são, em que ninguém sabe quem foram. Sei de dezenas de grandes jornalistas, a quem o jornalismo português muito deve, mas que hoje nem os próprios jornalistas sabem que existiram. (...) Dos dez jornais diários que se publicavam em Lisboa nesse remoto 30 Junho de 1968 em que me iniciei na profissão sobra um, e da meia dúzia de revistas então existentes, nem isso: foram-se todas. Não refiro isto por saudosismo, mas porque sei que nada, nem ninguém está seguro no jornalismo português actual. Mesmo quem pensa que está, provavelmente está-o bem menos do que julga.”
Palavras de Rodrigues da Silva, grande, talentoso e controverso jornalista que exerceu a profissão em periódicos como o Diário Popular e o Sete antes de ingressar no JL, título de culto de uma certa camada intelectual portuguesa. Palavras em que devemos meditar nesta sociedade do efémero, em que tudo nasce com a voracidade de uma chama e tudo se apaga com a rapidez de um sopro.
É um texto que apetece reler e guardar – nunca me lembro de encontrar nada tão lúcido sobre esta profissão que só merece ser desempenhada com um espírito de sacerdócio. Porque um jornalista digno desse nome não exerce da hora X à hora Y, como um funcionário administrativo: ou é sempre ou jamais é.
[Texto de Pedro Correia, Diário de Notícias]
Etiquetas: Jornalismo
23.1.09
pensamento do dia
- É uma boa filosofia, não sei é como é que isso se pode pôr em prática.
22.1.09
Criar um nicho onde prosperem as indústrias criativas em Macau é o objectivo dos responsáveis pelo Albergue da Santa Casa da Misericórdia. Para isso, querem ajudar a afirmar a identidade de Macau e dos seus artistas. O Chefe do Executivo macaense, Edmund Ho, vai hoje inaugurar o espaço.
Etiquetas: Jornalismo, Macau
O trabalho da Provedoria de Justiça nestes últimos oito anos tem revelado o estado de podridão e desvergonha em que está a Administração Pública. E o Provedor tem vindo a intervir com uma frequência inusitada e tem sido o verdadeiro apoio dos cidadãos portugueses, aliás não conheço outra instituição que tenha produzido um trabalho tão sério e tão válido como aqulele que foi desempenhado nestes últimos anos."
Pires de Lima (antigo bastonário da OA), em declarações ao jornal Diabo de 20/1/09
Etiquetas: Política
Charles Bukowski's "Bluebird"
wants to get out
but I'm too tough for him,
I say, stay in there, I'm not going
to let anybody see
you.
there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I pur whiskey on him and inhale
cigarette smoke
and the whores and the bartenders
and the grocery clerks
never know that
he's
in there.
there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too tough for him,
I say,
stay down, do you want to mess
me up?
you want to screw up the
works?
you want to blow my book sales in
Europe?
there's a bluebird in my heart that
wants to get out
but I'm too clever, I only let him out
at night sometimes
when everybody's asleep.
I say, I know that you're there,
so don't be
sad.
then I put him back,
but he's singing a little
in there, I haven't quite let him
die
and we sleep together like
that
with our
secret pact
and it's nice enough to
make a man
weep, but I don't
weep, do
you?"
Etiquetas: Poesia
21.1.09
"Primatas como nós"
O secretário de Estado falava na sessão de encerramento da cerimónia de entrega ao jornalista Carlos Vaz Marques, da TSF, do Prémio "Jornalismo Científico" da Fundação Ilídio Pinho, vencedor da segunda edição deste galardão com o trabalho "Dari, primata como nós".
A sessão foi presidida por Manuel Heitos em substituição do ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, retido à última hora em Lisboa para participar no Conselho de Ministros convocado de urgência para debater o Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC).
O secretário de Estado sublinhou a importância deste facto e felicitou a Fundação Ilídio Pinho pela instituição deste prémio, que dá a conhecer aos portugueses as conquistas dos seus cientistas.
Pelo trabalho vencedor, "Dari, Primata como nós", que foi escolhido por unanimidade, Carlos Vaz Marques recebeu uma escultura em prata e um prémio pecuniário no valor de 50 mil euros.
As florestas do Sul da Guiné-Bissau servem de pano de fundo ao trabalho vencedor, uma reportagem de campo em que o jornalista acompanha, no terreno, uma investigação científica relativa à vida de um grupo de primatas (chimpanzés).
O repórter conta a história em voz própria, através de entrevistas aos participantes e recorre ao ambiente sonoro da selva africana, o que dá ao trabalho algum dramatismo, que entusiasma e "puxa" o ouvinte para dentro da acção.
Uma entrevista à cientista que lidera o projecto contextualiza e dá sentido e profundidade à reportagem, "mostrando que a vida comunitária de uma tribo de macacos na floresta da Guiné-Bissau e a sociedade humana têm muito mais em comum do que possa parecer".
"Tenho especial gosto por receber um prémio por este trabalho, porque ele provocou uma pequena revolução filosófica dentro de mim, porque mostra quão perto que nós, humanos, estamos desses seres que são os chimpanzés", afirmou o Carlos Vaz Marques, no discurso de agradecimento.
O júri decidiu, ainda, atribuir duas menções honrosas, no valor de 5.000 euros cada, às jornalistas Teresa Firmino com um trabalho jornalístico sobre a "Extensão da plataforma continental portuguesa", publicado no jornal Público, e Helena Mendonça com a série de artigos "Os nossos neurónios" publicados na Notícias Magazine, revista conjunta do Diário de Notícias e Jornal de Notícias.
"Plataforma continental portuguesa" é um dossier jornalístico constituído por três artigos publicados por Teresa Firmino, a 5 de Agosto de 2007, sobre a investigação que lançou as bases científicas para a reclamação - e obtenção - de jurisdição, por parte de Portugal, de uma zona para além das 200 milhas náuticas da plataforma continental nacional.
Quanto a "Os nossos neurónios", de Helena Mendonça, constitui um conjunto de 52 reportagens de duas páginas, publicadas semanalmente, ao domingo, durante 2007. Cada um dos trabalhos foca uma investigação científica distinta, fazendo simultaneamente um retrato pessoal do investigador e da investigação desenvolvida.
A análise e selecção dos trabalhos couberam a um júri de cinco elementos, presidido por Júlio Pedrosa, antigo reitor da Universidade do Porto e actual presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE).
Na sua alocução, Júlio Pedrosa destacou a "grande qualidade da maioria dos trabalhos apresentados", assim como o progresso verificado, tanto no número de candidaturas,como na sua qualidade, relativamente ao ano anterior.
Faziam parte do júri o cientista Alexandre Quintanilha, professor catedrático no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), António Borges, presidente do OVERGEST - Centro de Especialização em Gestão e Finanças do Instituto Superior de Ciências do Trabalho a da Empresa (ICSTE), Fernando Cascais, director do Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas (CENJOR) e o jornalista José Pimenta de França, vogal do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas.
A Fundação Ilídio Pinho criou, em 2006, em parceria com o Sindicato dos Jornalistas, o primeiro dos prémios ao mérito e à excelência na área do Jornalismo Científico, com um valor de 50 mil euros, sendo, de longe, o mais elevado prémio de jornalismo em Portugal e um dos mais elevados da Europa.
O Prémio Fundação Ilídio Pinho "Jornalismo Científico" tem como objectivo fundamental estimular, incentivar e reconhecer trabalhos jornalísticos em língua portuguesa para a área da ciência, privilegiando aqueles que favoreçam a ligação entre a investigação e a inovação e desenvolvimento empresarial, levada a cabo pelas Universidades e Centros de Investigação.
Na primeira edição do prémio, o vencedor foi José Milheiro, também jornalista da TSF, com o trabalho "Selecção de Esperanças".
Nessa edição, à qual concorreram 15 trabalhos, foram igualmente atribuídas duas menções honrosas, uma para Cármen Inácio, com a reportagem "Geração Cientista", emitido na RTP 2, e a outra para Teresa Florença, com o trabalho "À descoberta dos nanomateriais", publicado na revista do Diário de Notícias do Funchal.
À edição de 2007 concorreram 25 trabalhos, divulgados pela Rádio, Televisão e Imprensa, versando temas muito diversos, desde as Ciências da Vida, Saúde e Robótica, entre outras.
PF.
Lusa/Fim
Etiquetas: Jornalismo
20.1.09
Etiquetas: Música
pensamento do dia
Em grande parte, vivemos de expectativas. Somos capazes até de amar coisas que ainda não aconteceram.
19.1.09
BROKEN Flowers; de Jim Jarmusch. Ganhou Cannes em 2005 e é absolutamente magnífico. A banda sonora é de primeira água. Com Bill Murray, Julie Delpy, Jeffrey Wright, Sharon Stone, etc.
Etiquetas: Cinema
18.1.09
pensamento do dia
- Sim, foi tudo na base do improviso, como num bom concerto de jazz.
pensamento do dia
17.1.09
JACK Kerouac Reads from "On The Road"
Etiquetas: literatura
15.1.09
A bonomia dos ilhéus
NATURAL de São Roque do Pico, Hugo Melo tem a bonomia dos ilhéus. Gosta de tocar guitarra, ou, pelo menos, de “pensar que toca” – quando estudou em Lisboa fez parte de um grupo interpretava temas regionais na Casa dos Açores - e de “pegar em computadores que aparentemente são lixo e tentar dar alguma utilidade àquilo”. Conviver com os amigos e viajar são as outras actividades favoritas do engenheiro electrotécnico, que fala com entusiasmo da mais recente viagem que fez, seguindo por comboio através da China até ao Norte do Vietname.
Macau surgiu na vida do açoriano um pouco por acaso. Chegou em 2004, acabado de sair da faculdade. Findos os sete anos de estudos e “actividades paralelas” no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, respondeu a um anúncio de emprego para Macau. Um território que desconhecia quase completamente. “Nem sabia bem o que era, tinha ouvido falar nos livros da escola”, conta. Nunca mais recebeu retorno da sua candidatura e, seis meses passados, quando já nem se lembrava mais do assunto, foi chamado
Passado um mês, estava a chegar ao Rio das Pérolas. Foi para Coloane estagiar na Companhia de Electricidade de Macau (CEM) durante um ano. Terminado o estágio, decidiu tentar permanecer na RAEM, porque em Portugal o cenário em termos de mercado laboral não era muito animador e queira utilizar a “plataforma espectacular que é Macau para conhecer melhor a Ásia”. “Para além disso – comenta -, “estar em Lisboa ou aqui não é bem a mesma coisa, mas de qualquer das formas não estou perto da família: há sempre um avião pelo meio, embora de lá a Lisboa sejam duas horas de voo, enquanto para aqui são umas doze”
Se é verdade que os açorianos têm uma diáspora considerável, com comunidades de amigos espalhadas por muitos cantos do mundo, em Macau não vivem muitos naturais dos Açores. Hugo conhece dois ou três apenas, mas nem por isso se sente sozinho. A verdade é que com o tempo foi criando laços em Macau e conhecendo muitos portugueses que começaram a voltar a partir de 2004 e que tinham um percurso paralelo em relação ao dele: também haviam deixado as suas terras para estudar em Lisboa e daí vieram para Macau.
Encontrou então a empresa Técnica e Projectos de Engenharia (Tecproeng), uma empresa de capitais lusos com escritórios em Portugal, Angola e Macau, onde permanece até hoje, trabalhando em projectos eléctricos e instalações electro-mecânicas. Trata-se de uma função feita em parceria com os arquitectos. Estes dão forma aos projectos e depois Hugo e a sua equipa concebem o projecto de instalações electro-mecânicas e, já em fase de execução, fazem o acompanhamento de obra. Um acompanhamento nem sempre fácil, dado que as empresas são quase todas chinesas e “a comunicação é muito importante quando se faz o interface entre o plano que está desenhado e aquilo que é efectivamente executado”.
No futuro a curto-prazo, Hugo irá ficar por Macau pelo menos mais um ano ou dois. Depois disso, e tendo em conta que trabalha com uma linguagem técnica, que é universal, pondera voltar a mudar o local de residência e de trabalho. A concretizar-se essa mudança, a África lusófona e o Brasil serão os destinos mais prováveis. PB, Hoje Macau (Janeiro 08; Foto: António Falcão)
14.1.09
pensamentos do dia
QUANDO estou fora durante algum tempo - o tempo suficiente -, pensando no nosso país, quer-me parecer que há algo de doentio no modus vivendi português. Portugal é triste e deprime. Não julgo que tenha a ver com as pessoas: os portugueses são tão bons ou melhores do que os outros. A nossa história colectiva prova que revelámos qualidades humanas louváveis e não são os arrogantes do Norte nem os negligentes do Sul que nos ensinarão o que é civilizado. O problema não tem a ver com a qualidade das pessoas (embora a ignorância endémica leve a que muitos não tenham os recursos espirituais para saberem viver), tem mais a ver com um modo de vida perverso. E com a ignorância a que já aludi e a miséria, sua irmã.
Dito isto, se Portugal já é um fado, a terra dos doutores, onde por azar nasci, é-o ainda mais. Eis-me pensando em Coimbra, onde prevalecem a melancolia, a ausência, o imobilismo e até o desânimo. Gerações passam por lá nos seus anos de juventude, irresponsabilidade, promiscuidade e bebedeira. Por isso mesmo, levam da cidade recordações saudosas e turvas. Se é certo que muitos - mas cada vez menos, em termos de elites - por lá passam, quase ninguém permanece e nutre o local. Coimbra é mesmo a cidade mais triste que conheço. Sei que nunca mais lá quero viver. Mas, e eis o paradoxo, também sei que foi Coimbra que me deu quase tudo o que tenho ou tive: família, amigos, amores, conhecimentos, etc. O certo é que a vida não é a preto e branco e que só manobramos uma pequena parte do nosso destino.
Portanto, amo Coimbra e amo Portugal. Mas que se fodam ambos! E deste impasse não saio mais.
13.1.09
uma foto por cada dia de vida
Ao longo dos anos, vemos os seus amigos, as suas esperanças e aventuras. Vemo-lo finalmente doente com cancro
mas ainda assim capaz de casar
e finalmente vemos a última fotografia, a de um amigo a tocar guitarra para ele na véspera da sua morte
Há um belo artigo sobre este caso no Mental Floss e o conjunto das fotos está disponível aqui. É um registo de vida impressionante.
Etiquetas: Fotografia
12.1.09
SERGE Gainsbourg, Je suis venu te dire
Je suis venu te dir'que je m'en vais
et tes larmes n'y pourront rien changer
comm'dit si bien Verlaine "au vent mauvais"
je suis venu te dir'que je m'en vais
[Répétition] :
tu t'souviens des jours anciens et tu pleures
tu suffoques, tu blémis à présent qu'a sonné l'heure
des adieux à jamais
oui je suis au regret
d'te dir'que je m'en vais
oui je t'aimais, oui, mais- je suis venu te dir'que je m'en vais
tes sanglots longs n'y pourront rien changer
comm'dit si bien Verlaine "au vent mauvais"
je suis venu d'te dir'que je m'en vais
tu t'souviens des jours heureux et tu pleures
tu sanglotes, tu gémis à présent qu'a sonné l'heure
des adieux à jamais
oui je suis au regret
d'te dir'que je m'en vais
car tu m'en as trop fait
je suis venu te dir'que je m'en vais
et tes larmes n'y pourront rien changer
comm'dit si bien Verlaine "au vent mauvais"
Etiquetas: Música
11.1.09
pensamento do dia
The Laughing Heart, de Charles Bukowski
don’t let it be clubbed into dank submission.
be on the watch.
there are ways out.
there is a light somewhere.
it may not be much light but
it beats the darkness.
be on the watch.
the gods will offer you chances.
know them.
take them.
you can’t beat death but
you can beat death in life, sometimes.
and the more often you learn to do it,
the more light there will be.
your life is your life.
know it while you have it.
you are marvelous
the gods wait to delight
in you."
Waits e Bono recitam Bukowski
Etiquetas: Poesia
10.1.09
pensamento do dia
9.1.09
8.1.09
pensamento do dia
Comida saudável e café gourmet
CRISTIANA Figueiredo e Rui Alves já viviam em Macau há alguns anos e observaram que faltavam na cidade “espaços onde se cultive a cultura europeia de café, com boa música, bom ambiente boa comida, onde se possa estar, ler um livro, trabalhar um pouco”. A socióloga e o engenheiro viram nessa lacuna uma oportunidade para abrir uma loja que conciliasse a oferta de café e de chá com um pão variado e alguma pastelaria europeia. Ambos com espírito empreendedor, andaram algum tempo a estudar localizações possíveis para o projecto, juntaram-se com uma sócia chinesa e no dia 10 de Junho deste ano, “data muito simbólica para os portugueses”, abriram o Cuppa Coffee, equipado com sofás e cadeiras confortáveis, com capacidade para 40 pessoas. A filosofia da loja da Taipa passa por aliar chás e café a uma comida saudável (apenas refeições ligeiras e à base de pão e saladas, visto que não querem confundir-se com um restaurante) e a alguma pastelaria. Ali se podem comer, por exemplo salada importadas da Austrália, sandes de salmão com queijo francês, croissants, pastéis de nata (que vendem também para supermercados) e bolo de chocolate.
Os donos destacam também o café, 100 por cento arábico e cuja torrefacção é feita em Macau. Em 2009 irão diversificar a gama de chás e cafés: “Vamos dar mais ênfase à escolha e aos cafés de origem, as pessoas poderão escolher café da Colômbia ou da Etiópia, por exemplo, pois achamos que aqui há um espaço enorme para esse tipo de oferta”, diz Rui Alves. No fundo, “criar a experiência da degustação do café, tal como há provas de vinho também pode haver com o café”, complementa Cristiana. E dar igual importância à qualidade de bebidas e comidas: “Olha-se para o Starbucks, que eu admiro, e vê-se uma atenção enorme nas bebidas, que é o que lhes dá dinheiro, e muito pouca atenção nas comidas”, opina Rui. “É uma estratégia, mas acho que conseguir dar a mesma atenção ao café e à comida que vai bem com o café - pois não se pretende criar um restaurante – é uma fórmula ganhadora.”
Embora o casal calcule que 80 por cento da sua actual clientela seja estrangeira (principalmente inglesa), pretende que o espaço seja para toda a população de Macau e não só para expatriados e turistas.
Sempre com música ambiente e Internet grátis, o Cuppa Coffee funciona um pouco como café de bairro e tem criado uma rede de clientes, que ali gostam de relaxar um pouco, conversar e conhecer outras pessoas. Num quadro são disponibilizados alguns classificados para quem vende carros ou mobílias. Nem falta um cantinho para as crianças brincarem enquanto os pais saboreiam um café nas mesas ao lado. No estabelecimento são organizados também eventos privados e festas.
Este é o primeiro e único espaço Cuppa Coffee, até agora, mas os donos apostam bastante no branding e criaram um logótipo e uma marca que é facilmente identificável. O objectivo é expandir o conceito e criar um rede destes cafés em Macau e na China continental, onde, para Cristiana, “começa a haver lugar para este tipo de sítios porque a cultura do café entre os jovens chineses está a crescer”. Uma segunda loja poderá abrir já no primeiro semestre do próximo ano no centro de Macau, mas sem sala e na versão de take away.
Depois de Macau provavelmente irão abrir em Cantão, como conta a socióloga: “Cantão é uma cidade que me parece atraente, tem uma população já suficientemente grande de expatriados que gosta deste tipo de sítios. Para além disso está relativamente perto e não tem os custos de Xangai ou Pequim, por exemplo." PB
Cuppa Coffee
Rua Fernão Mendes Pinto, 104
Taipa - Macau
Etiquetas: Jornalismo, Macau
7.1.09
FOTOS do meu amigo Curado, tiradas em Nova Iorque (curiosamente, no último 11/9) e em Paris.
Etiquetas: Fotografia
É evidente que se os desgostos amorosos, o envelhecimento, o luto, a sedução, o medo, a alegria, o tédio, a chacota, a libido, a saudade, a raiva ou as angústias metafísicas não interessam nada, então a blogosfera é de facto pouco interessante. Só que, ao contrário do que diz Pacheco, a blogosfera «pessoal» (que não necessariamente confessional ou intimista)é bem interessante. (...)"
[excerto de uma crónica deliciosa do Pedro Mexia sobre a blogosfera]
Etiquetas: Blogs
6.1.09
pensamento do dia
5.1.09
4.1.09
"Acordei feliz por ainda não ser um cadáver"
Wake cheerful 8 a.m. write in a notebook
rising from my bed side naked leaving a naked woman asleep by the wall
mix miso mushroom leeks & winter squash breakfast,
Check bloodsugar, clean teet exactly, brush, toothpick, floss, mouthwash
oil my feet, put on white shirt white pants white sox
sit solitary by the sink
a moment before brushing my hair, happy not yet
to be a corpse
Allen Ginsberg
[Ginsberg era paneleiro. Nada contra, mas, pelo menos até ao momento, tenho preferência clara por senhoritas, por isso tomei a liberdade poética;) de substituir boy por woman na oração leaving a naked boy asleep by the wall]
3.1.09
pensamento do dia
Etiquetas: Música
2.1.09
mensagens de ano novo
Que isto fique muito claro: Não dar a outra face, muito menos perdoar certas ofensas e crimes. Cuspo na cara dos meus inimigos e dos traidores. E, um dia, ainda hei-de ter o prazer de pagar a alguém para que cague sobre as suas campas.
Oa meus amigos merecem o melhor e eu só estou bem se eles também o estiverem.
1.1.09
pensamento do dia
Who Kill
Have Karmas
Of ill
Good man
Who love
Have Karmas
Of dove
Jack Kerouack, Mexico City Blues (excerto do poema que, para Dylan, foi o primeiro que leu que falava a "sua linguagem" e que me parece uma boa mensagem para o ano que agora começa)
Etiquetas: Poesia
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