Han Shan
"VEJO as pessoas do mundo,
vivem num instante, depois morrem.
Ontem, apenas com dezasseis anos,
eram jovens, fortes, apaixonadas,
hoje têm mais de setenta,
extingue-se o vigor, o bom parecer.
São flores num dia de Primavera,
abrem de manhã, murcham ao entardecer."
Han Shan (tadução de António Graça de Abreu)
Prefácio aos poemas de Han Shan, por Lu Qiuyin, prefeito de Taizhou:
O homem que um dia se chamou Han Shan, ninguém sabe quem foi. Quando alguém o via, considerava-o um doido, um pobre diabo. Vivia retirado na montanha de Tiantai, sete léguas a oeste do distrito de Tangxing, num lugar chamado Han Shan (Montanha Fria), entre rochas e falésias. Daí descia frequentemente para o templo de Goqing, ao encontro do seu amigo Shi De, encaregado da limpeza da cozinha do mosteiro que lhe guardava restos de comida em malgas feitas com cana de bambu.
Han Shan costumava passear-se pelos terraços do templo, gritava de alegria, falava e ria sozinho. Os monges corriam atrás dele, temtavam agarrá-lo, insultavam-no, às vezes queriam bater-lhe. Então Han Shan assumia outra vez um comportamento normal, esfregava as mãos, sorria e partia. Parecia um verdadeiro mendigo. O corpo e o rosto estavam gastos, consumidos pelos anos, no entanto havia coerência nas suas palavras e bastava pensar no discurso de Han Shan para adivinhar ideias profundas. Tudo o que dizia tinha a ver com os segredos do passado, com o subtil princípio das coisas. O seu chapéu era uma casca de bétula, as suas roupas estavam cheias de buracos e usava tamancos de madeira muito gastos. Assim vivia este homem extraordinário, afável, isolado, diluºido na natureza, espalhando bom gosto. (...)
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:)
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