2.9.09

O Presidente teve toda a razão no seu veto. Toda. Teve razão, teve bom-senso, teve lucidez e mostrou (já não foi a primeira vez...) ser capaz de reflectir para lá da espuma viscosa do politicamente correcto. Para aqueles que ainda não compreenderam que ser de esquerda não é apoiar entusiasticamente qualquer disparate 'fracturante', mas sim, e por exemplo, pagar todos os impostos devidos sem ocultar nada, o veto do Presidente foi execrado como manifestação de reaccionarismo e conservadorismo moral insuportáveis. Cheguei a ver escrito que Cavaco já tinha passado o seu prazo de validade ideológica e que não era deste século. Que tranquilo que deve ser viver assim, com tantas certezas prontas a vestir, sem necessidade de perder tempo a pensar ao menos nas consequências práticas daquilo que defendem! Foi assim, por exemplo, com a nova lei do divórcio, que o sempre 'moderno' José Sócrates apresentou como uma espécie de libertação definitiva das grilhetas do casamento por parte de quem não queria manter-se casado. Na prática, como não existia na lei e desde há muito, essa suposta 'prisão' matrimonial, o que se fez foi desproteger totalmente o lado mais fraco, mais pobre e mais vulnerável de um casamento acabado. Foi uma lei profundamente anti-social, mas que prestou tributo a essa cultura urbana, supostamente moderna e de esquerda, que vive de clichés e de verdades importadas.
Miguek Sousa Tavares, in Expresso

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