São os
jornalistas de quem BR não é amiga, que não a acompanham no jornalismo
arty, nem nas tertúlias do Chiado. São os jornalistas que
não debatem diariamente com BR sobre artes plásticas, arquitectura
japonesa e direitos humanos de povos remotos e exóticos. São os
jornalistas que ousaram criticar as opções editoriais de BR, dentro do
Conselho de Redacção. São os jornalistas que defendem um jornal feito de
jornalismo e de notícias, e não apenas de crítica, opinião e ensaio.
São os jornalistas chatos, como devem ser os bons jornalistas. São os
jornalistas sem medo de enfrentar o poder, seja o poder de grupos
económicos, como os que BR contratou para mecenas, seja o poder
político, como o protagonizado por Miguel Relvas no episódio que levou à
saída da jornalista Maria José Oliveira.
A crise existe, não
há dinheiro, o negócio dos jornais está arruinado - parece evidente. Mas
este despedimento colectivo de 36 jornalistas não é simplesmente uma
reestruturação ou uma redução de custos. É uma limpeza. E uma vergonha.
O Público era um oásis de liberdade, de seriedade, de loucura. BR
deu-lhe uma machadada severa. Vai ficar na tristemente na história,
entre outras coisas, como a pessoa que quis despedir José António
Cerejo, o jornalista mais marcante do nosso tempo.
Os leitores
hão-de cobrar o despudor, estou certo disso. Mas nessa altura,
porventura, será demasiado tarde. Para os meus amigos do Público, para
os meus camaradas, para todos nós.
Até lá, é resistir. Ninguém sairá incólume."
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