“DE manhã, no hotel, reparámos que estão sempre a tocar guitarra portuguesa, algo que nem em Portugal acontece. Por isso, decidimos tocar a nossa peça de guitarra portuguesa favorita.” Feita esta introdução pelo violinista David Harrington, os Kronos Quartet arrancaram com uma versão de “Verdes Anos”, de Carlos Paredes, naquele que foi o primeiro dos três encores que o conceituado quarteto de cordas realizou ontem no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau (CCM), que não esteve cheio.
O grupo de São Francisco, que foi formado há mais de três décadas, apresentou um autêntico caleidoscópio musical, tocando temas com as mais distintas proveniências culturais e geográficas. Na primeira vez que esteve em Macau, como frisou Harrington, o quarteto optou por abrir o concerto com um tema de música judaica, interpretando de seguida música árabe (representada no espectáculo por um tema iraquiano, com o curioso nome “Oh Mãe, O Belo Homem Tortura-me” e por duas peças de origem egípcia), uma canção folclórica escandinava e composições do Azerbaijão e dos balcãs. Num tom mais contemporâneo, foram tocadas melodias do grupo islandês Sigur Rós e dos mexicanos Café Tacuba. Nos segundo e terceiro encores, houve ainda tempo para escutar músicas da Índia e do sul da China, num concerto que durou cerca de duas horas.