Nos dias nevoentos fecho as janelas
(…)
NOS dias nevoentos fecho as janelas,
acendo a luz forte
e deito-me no tapete.
Leio ou penso.
Ou então fumo,
enquanto as camadas de silêncio se sobrepõem,
e as mais pesadas descem
e as mais leves se tornam pesadas,
até ser impossível destruir o silêncio.
É fascinante,
debaixo de uma luz que brilha tanto.
Lá fora, a terra
- a terra das criaturas que se aproximam uma das outras,
se tocam e falam.
O silêncio é sólido,
iluminado por cima,
aquecido pelos lados.
Durante seis meses fumo e leio,
estendido no tapete.
Depois chega o verão,
e subo à montanha,
e vou para o mar.
Rebento de sol e água,
do odor a terra quente
e agulhas de pinheiro.
Estou tremendamente forte.
(…)
apresentação do rosto
herberto helder
editora ulisseia
1968
NOS dias nevoentos fecho as janelas,
acendo a luz forte
e deito-me no tapete.
Leio ou penso.
Ou então fumo,
enquanto as camadas de silêncio se sobrepõem,
e as mais pesadas descem
e as mais leves se tornam pesadas,
até ser impossível destruir o silêncio.
É fascinante,
debaixo de uma luz que brilha tanto.
Lá fora, a terra
- a terra das criaturas que se aproximam uma das outras,
se tocam e falam.
O silêncio é sólido,
iluminado por cima,
aquecido pelos lados.
Durante seis meses fumo e leio,
estendido no tapete.
Depois chega o verão,
e subo à montanha,
e vou para o mar.
Rebento de sol e água,
do odor a terra quente
e agulhas de pinheiro.
Estou tremendamente forte.
(…)
apresentação do rosto
herberto helder
editora ulisseia
1968
Etiquetas: Poesia
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