4.3.10

Lost in translation

TÓQUIO, 01 mar (lusa) - A vista do bar do hotel de Tóquio onde Sofia Coppola realizou várias sequências do filme “Lost in Translation” ("O amor é um lugar estranho", em português), com Scarlet Johansson e Bill Murray, já tem direitos de autor.

“Desculpe, mas não é permitido”, avisa um empregado assim que vê algum cliente ligar a câmara de filmar.

A tentação é, de facto, enorme. Sobretudo ao fim da tarde, quando lá em baixo começam a acender-se os milhares, ou milhões, de néones que iluminam a noite de Tóquio.

O bar filmado por Sofia Coppola, chamado New York Bar, fica no topo do Park Hyatt, um hotel de cinco estrelas que ocupa os últimos 14 andares da Shinjuku Park Tower.

É um dos mais emblemáticos edifícios da cidade, com 52 andares, e foi projetado no início da década de 1990 pelo atelier de Kenzo Tange, o primeiro dos três japoneses já galardoados com o prémio Pritzker, o «Nobel» da arquitetura, em 1987.

Num chuvoso dia de semana de fevereiro, cerca das 18:00, o bar tinha apenas meia dúzia de clientes.

O piano, que também aparece no filme, estava silencioso, mas, mesmo assim, a advertência do empregado contra o uso da “handycam” era inabalável.

O filme de Sofia Coppola, que projetou Scarlett Johansson como uma das atrizes mais sensuais do cinema contemporâneo, foi realizado em 2003.

Scarlett Johansson tinha 19 anos, menos 12 que Sofia Coppola.

Antes de dirigir aquele filme, a filha de Francis Ford Coppola fez fotografia para uma revista japonesa e ajudou a lançar uma marca local de vestuário.

“Vê-se que ela já conhecia bem Tóquio”, diz um arquiteto japonês.

“Lost in Translation”, que em 2004 receberia o Óscar para o Melhor Argumento Original, é a segunda longa metragem de Sofia Coppola.

A ação passa-se toda em Tóquio: “uma feérica cidade”, disse a realizadora.

Num outro filme famoso, “Blade Runner” (Perigo Iminente, em português), passado em Los Angeles em 2019, a paisagem urbana é inspirada na arquitetura futuristica de Tóquio, mas em “Lost in Translation” a capital japonesa é mais do que um cenário.

Por coincidência, a realização do filme ocorre no primeiro ano da campanha “Yokoso Japan” (Benvindo ao Japão), uma inédita e intensiva promoção do governo japonês que visa atrair 15 milhões de turistas em 2013.

Devido à crise económica global, em 2009, pela primeira vez em seis anos, o número de turistas diminui (18,7 por cento), para 6,79 milhões. Só os turistas chineses, os novos-ricos da região, continuaram a aumentar, ultrapassando um milhão.

Os efeitos internos da campanha, no entanto, mantêm-se: nas lojas, ou nas ruas, no metropolitano ou nos museus, já se encontram muitas pessoas que falam inglês.

Por quase a toda parte, também, a amabilidade é geral.

O site da Organização Nacional do Turismo (http://www.jnto.go.jp/) tem páginas em onze línguas, entre as quais o português.

Já ninguém se sentirá “lost in translation” e a vista do New York Bar do Park Hyatt - mesmo sem a presença da Scarlet Johansson - vale bem uma visita.

*** António Caeiro, agência Lusa ***
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

Lusa/Fim

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