1.12.09

MACAU, China, 28 Nov (Lusa) - A explosão urbanística de Macau nos primeiros dez anos como Região Administrativa Especial da China representou “progresso económico”, mas não “progresso humano”, considerou o antigo ministro português da Coordenação Interterritorial, Almeida Santos.

“Ainda há alguma característica portuguesa aqui, ainda há bairros simpáticos que são preservados, mas de um modo geral a explosão urbanística, em meu entender, representando progresso económico, não representou progresso humano”, disse Almeida Santos à agência Lusa.

Almeida Santos faz, por isso, uma análise positiva das questões económicas mas, no entanto, afirma que a cidade “construída em séculos de história” se está a perder.

“Faço uma análise por um lado positiva e por outro negativa. Negativa na medida em que o Macau que eu conheci quando cá vim em 1974 era uma jóia, era um território muito agradável que tinha sido construído em séculos de história”, explicou ao salientar que tinha ficado “apaixonado” pela Macau característica e típica que conheceu.

“(Mas) neste momento, Macau tem um surto de desenvolvimento espantoso, acompanhou, digamos assim, o surto de desenvolvimento da própria China, em que Macau se integrou e, felizmente, que se integrou pacificamente também”, afirmou ao salientar que o modelo da cidade actual não é exemplo.

“Macau está a tender a transformar-se num departamento semelhante ao de Hong Kong em que o território diminuto fez com que os prédios subam em altura e, portanto, há aqui uma concentração urbanística que não é agradável, para mim não é agradável. Eu não sei mesmo como é que se consegue respirar em Macau porque, de facto, isto agora é um conjunto de torres e torres erguendo tal como em Hong Kong”, afirmou.

Apesar dos aspectos negativos salientados ao nível da qualidade de vida ou do “progresso humano”, Almeida Santos considera que Portugal “fechou com chave de ouro” a saída de Macau e salientou a forma “extraordinariamente consensual e pacífica” como decorreu o processo de transição.

“Isso foi quase um milagre porque não há muitos casos assim”, considerou.

Sobre as relações com Portugal, Almeida Santos vê Macau e Lisboa a manterem uma “relação de amizade e de cooperação” que preza, mas não deixa de assinalar que a cidade “está a perder as características que tinha” e das quais confessa “alguma saudade”.

JCS/PNE.

Lusa/fim

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