15.12.09

MACAU, China, 09 Dez (Lusa) - A comunidade portuguesa continua a ter um “peso extraordinário” em Macau, “não pelo seu número, mas pela sua formação”, afirmou a presidente da Casa de Portugal.

Em entrevista à agência Lusa, Amélia António explica que é a formação, as habilitações e o significado dos portugueses no “tecido quer social quer de trabalho” que relevam a importância dos portugueses cuja cultura e presença considera “determinante para a manutenção da identidade” do território.

“Há aqui pessoas portuguesas com grande preparação técnica que são importantes nas áreas onde trabalham e dão, nesse aspecto, um contributo indiscutível a Macau”, disse ao acrescentar que existe ainda a “parte cultural em que a presença portuguesa e a presença dos portugueses com tudo o que se faz na área cultural é determinante para a manutenção da identidade de Macau”.

“Porque senão, Macau ficaria confinada apenas à sua face chinesa o que dentro de alguns anos a transformaria num bairro da região mais próxima que seria Zhuhai”, cidade continental adjacente.

Amélia António reconheceu que os dois primeiros anos de Macau como Região Administrativa Especial da China provocaram “uma certa angústia, um certo receio de como as coisas se iam processar” e que houve até quem, como medida cautelar, saiu de Macau ou adquiriu uma segunda habitação fora da cidade “para o caso das coisas correrem mal”.

“Muitas dessas pessoas regressaram a Macau, muitas das que tinham comprado segunda casa fora de Macau venderam e regressaram depois de sentir confiança e de que tudo se tinha processado com normalidade”, afirmou.

Fazendo um balanço dos primeiros dez anos de administração chinesa de Macau, Amélia António considera que foram “extremamente positivos” mas não deixa de apontar alguns aspectos negativos.

“Nada é perfeito, nem os acontecimentos nem as pessoas. Há altos e baixos, mas o que importa é o computo final. Eu acho que foi muito positivo (porque) Macau deu um salto do ponto de vista económico, de uma certa modernização a vários níveis, mas é evidente que depois isto tem preços, tem o outro lado da moeda”, sublinhou.

“Se calhar a parte do património, as tradições, uma certa imagem de Macau que as pessoas mantêm viva apaga-se um bocado, é prejudicada, mas por outro lado as condições de vida das pessoas alteram-se”, afirmou ao recordar que “há o preço da modernização que se paga em todo o lado”.

Confiante no futuro e na administração de Fernando Chui Sai On, que toma posse a 20 de Dezembro como chefe do Governo, Amélia António não deixa de apontar também alguns desejos, apesar de manter a avaliação positiva dos dois mandatos de Edmund Ho.

“Nós gostaríamos que algumas entidades valorizassem mais a língua portuguesa, gostaríamos de ver os tribunais a funcionar melhor e a respeitar mais as duas línguas oficiais”, disse.

Ainda sobre os portugueses de Macau, Amélia António refere também serem “uma espécie de garante do segundo sistema” porque a sua maneira de estar “se reflecte e acaba por ser também absorvida” pela população de Macau.

Para os cidadãos chineses, para quem “o amor e dedicação à mãe-pátria está acima de tudo e nunca é posto em causa” afirmam sistematicamente que “são chineses de Macau o que tem com certeza a ver com esta assimilação de outras formas de estar que foi feita ao longo dos anos” pelo relacionamento das comunidades portuguesa e chinesa.

JCS/PNE.

Lusa/fim

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