O que aconteceu esta semana no estádio do Real Madrid foi um fenómeno verdadeiramente impressionante. Repare-se como, quando Ronaldo entra em campo, a multidão de 80 mil entra em verdadeira histeria idólatra. Isto é o "Pão e Circo" romano, é o gladiador que entra na arena, pago à irrazoável razão de 35 mil euros por dia. E a multidão gritava "ala madrid" com a intensidade das saudações fascistas nos tempos de hitler. Os gladiadores já não se matam, mas o sangue está lá. O sangue são as derrotas dos outros, a submissão à força, à eficácia, ao génio, ao poder do dinheiro que tudo compra. Compra os melhores artistas de circo, compra a fantasia. Mas para se fazer uma equipa é precisa humildade, como os fracassos galácticos anteriores já provaram. Nada que pareça importar a Perez. Dinheiro faz dinheiro, a aposta está ganhha. Nas primeiras horas, foram vendidas milhares de camisolas com o novo número de Ronaldo. O craque dá dinheiro a ganhar com a velocidade com que marca golos, come putas finas ou espatifa ferraris. Ele é o rei dos nossos tempos.
Apesar de toda a irracionalidade desta reunião, gostei do discurso do Perez. Ele não se esqueceu de dar as boas vindas aos milhares de portugueses que assistiam, apresentou Eusébio (que foi ao microfone dizer um glorioso "muito obrigado", nada de "gracias") e louvou Portugal. Pode ser que o carismático Ronaldo contribua para as boas relações entre os dois países ibéricos. O circo é bonito, vai passar o carnaval e eles já estão sambando. Nesse campeonato, eu torço pelo Barcelona, não gosto das conotações monárquicas e mesmo franquistas do Real Madrid.
Etiquetas: Desporto
3 Comentários:
Caro Paulo,
Gostos não se discutem, eu prefiro, de longe, o Real Madrid à arrogância barcelonista.
Já se pode (e deve) discutir esse conceito das "conotações franquistas" do Real. Porque é uma conotação errada. Aconselho-te o livro com crónicas sobre futebol do Javier Marias. Numa delas, ele refere duas coisas.
1) A equipa "franquista" era outra equipa de Madrid (creio que o Atlético), que nasceu como equipa da força aérea de Franco.
2) Franco é que, vendo o prestígio que o Real Madrid tinha fora de Espanha, se encostou aos seus êxitos como forma de legitimação. Um pouco como (dizem) se passou em Portugal com o Benfica e Salazar (e dizer que o Benfica tem conotações salazaristas não é propriamente uma ideia fundamentada na realidade).
Assim sendo, julgo ser mais correcto dizer que Franco tinha conotações merengues (não por culpa destes últimos... ninguém escolhe quem gosta de nós ou quem nos detesta).
Um abraço
Ola Agostinho,
Admito que e* complicado conotar equipas de futebol com tendencias politicas ou sociais. O certo e* que existem. O exemplo das equipas da nossa Coimbra e* claro. Tinhamos - isso agora esta* debelado - a aac dos estudantes e o uniao dos futricas.
Tenho que ler esse livro do marias, mas a impressao que tinha era que o atletico e* a equipa dos operarios e o real, como o nome indica, mais ligada aos monarquicos e mesmo ao regime franquista. Assim como em BArcelona tens o Espanhol, conotado com os que defendem o estado espanhol e o barcelona, o clube catalao.
Mas podes ter razao, pode ter sido o franco a colar-se ao real e n o contrario
Um abraco, desculpa a falta de acentos mas estou no Vietname, a ver os resquicios da guerra, entre outras coisas. Uma grande licao de historia, depois escreverei aqui sobre isso.
ala
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