3.3.09

Vinho, Jazz & requinte


O Macau Soul é definitivamente diferente e nunca visto na cidade. O conceito deste bar passa por uma selecção de vinhos de qualidade a preços acessíveis, servidos pelos donos com simpatia nas duas confortáveis salas. Tudo pautado com música em tons de Jazz.

Aberto há pouco menos de um ano no centro histórico da cidade, o bar Macau Soul é consequência de uma velha paixão David e Jacky Higgins por Macau. Os ingleses já visitam a cidade desde 1967, quando foram viver para Hong Kong pela primeira vez. “Acho Macau charmosa, tem as qualidades que se encontram em Hong Kong, mas é muito diferente. Consegue ser mais cosmopolita do que Hong Kong, pois há uma maior mistura de pessoas e estas estão mais integradas”, conta Jacky.
Em 1999, e com a reforma a aproximar-se, a editora de publicações institucionais e o professor de Imunologia na Universidade de Hong Kong decidiram comprar um apartamento na RAEM e começaram a viver parcialmente na cidade. “Macau tem um potencial turístico imenso, por ser um sítio especial”, comenta a britânica. “Mas sentíamos falta de um sítio agradável, onde nos pudéssemos sentar confortavelmente a beber um copo de vinho. A partir dessa constatação surgiu a ideia de tentarmos criar esse sítio. Já tínhamos alguns móveis antigos, bem como pinturas e fotografias. Pensámos que seria interessante usar isso no espaço e a ideia foi-se desenvolvendo.”
O conceito passava por “recriar algum do velho ambiente de Macau: confortável, elegante, relaxado e barato”, continua Jacky. Para isso era essencial encontrar um espaço no centro da cidade, que David descobriu bem junto às ruínas de S. Paulo. Tratava-se de um local amplo e degradado, onde havia funcionado um antiquário, que compraram, por coincidência, no dia de aniversário de David, a 15 de Abril de 2004.
O casal calculou que a renovação e abertura do Macau Soul poderia acontecer ainda no mesmo ano, mas foi apanhado na máquina burocrática da administração de Macau. Ambos nunca tinham trabalhado na área da restauração e desconheciam “o pesadelo que é a burocracia de Macau”, que, considera Jacky, “faz com que seja difícil haver progresso”. O facto de não haver nenhum estabelecimento do género no território colocou entraves adicionais e tornou mais morosos todos os procedimentos necessários para obter as licenças e começar a funcionar. Para exemplificar o calvário por que passaram, David relembra que, depois de as obras estarem prontas, pediram aos serviços de turismo que fizessem a inspecção final. “A inspecção e o seu resultado deveriam ter sido obtidos nos 35 dias seguintes. Na verdade, demorou 15 meses e meio.” Ao todo, entra a compra e a abertura distaram incríveis quatro anos e dois meses.
Mas é caso para dizer que valeu a pena a espera. Para além da simpatia dos donos, o Macau Soul oferece um ambiente requintado, onde o bom gosto impera nos mais pequenos pormenores. Na sala de entrada há mobiliário antigo e as paredes estão decoradas com fotos e quadros com motivos macaenses. Ali há também lugar para exposições temporárias, como a que vai mostrar os trabalhos de Charles Chauderlot a partir de 12 de Março. A sala da cave está equipada com um palco para apresentações musicais ao vivo.
David encontra na sua criação algumas coisas que acho que faltam noutros bares. “Providenciamos acessórios para os vinhos, tentamos que tudo seja acessível”. Jacky completa: “Queremos que a pessoa que passa na rua sinta que pode entrar e tomar uma bebida sem que isso seja muito caro”
A casa da Rua de São Paulo caracteriza-se por uma variada selecção de vinhos portugueses. Entre as 200 marcas disponíveis para degustação, apenas duas não são lusas, visto que, explica a dona, “o vinho português é extramamente bom e tem uma óptima relação qualidade-preço”. Para além dos portos e do vinho da madeira, a selecção de vinhos inclui, por exemplo, a produções da Fundação Eugénio de Almeida, da Casa de Santar ou da Quinta do Fojo. O vinho pode ser comprado a copo ou a garrafa. Para acompanhar o néctar, há saladas, tábuas de queijos e vários aperitivos.
Tal como o vinho, a música é um aspecto importante da atmosfera do local. Também na música, os Higgins querem fazer a diferença na cidade. “A nossa ideia inicial era termos bandas todas as sextas e Sábados, mas percebemos que só o poderíamos fazer usando músicos macaenses, coisa que não queremos. Pretendemos que a nossa música seja especial. Todos já ouviram os músicos locais, queremos trazer sonoridades novas.” Para já, no dia 19 de Março, regressam ao Macau Soul os norte-americanos Shrimp City Slim, que, depois de em Outubro terem enchido a casa durante várias noites, farão performances diárias até dia 29. Outros nomes serão anunciados em breve, dado que o plano da casa é ter concertos com regularidade bimestral.
Quando não há espectáculos ao vivo, há sempre um som ambiente suave, com muito jazz de autores como Thelonius Monk, Art Pepper, John Coltrane, ou Art Tatum. Para não se repetirem, os donos fazem-se valer de uma colecção 4000 discos catalogados, e convidam os clientes a escolher o que querem ouvir.
O Macau Soul abre todos os dias pelas 10 horas para o café da manhã e funciona, de segunda a quinta, aproximadamente até às 20 horas, Às sextas, sábados e domingos, o bar fecha mais tarde.
PB

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