"O motor do frigorífico começou a trabalhar, supôs que fosse um táxi. No andar de cima abriram uma porta, confundiu com a sua porta. Ouviu passos no corredor. Estava nu, sobre a cama, e dizia: 'É preciso aprender a ficar sozinho. Repetiu a frase durante muito tempo. Quis adormecer. Passaram horas. Levantou-se, foi à casa de banho, mexeu numa torneira. Abriu a janela. Voltou a deitar-se, apagou a luz. Repetiu, enquanto esperava o sono, às vezes a meia voz e outras vezes aos gritos: 'É preciso aprender...', etc. Lembrou-se que poderia encontrar amigos a essa hora. Passou a mão sobre o auscultador.
Vestiu-se. Subiu a rua, várias ruas. Olhou, da porta, as inúmeras mesas de diferentes bares. Regressou a casa. Desceu o caminho, entrou no prédio. Disse duas vezes em voz alta no elevador: 'É preciso aprender a ficar sozinho'. Em casa contemplou os diversos lugares e objectos. Sentou-se num cadeirão ao canto da sala. Encostou a cabeça para trás. Por fim chorou, juntando as mãos frente ao peito."
[José Amaro Dionísio, em O Nome do Mundo, pág. 29]
Vestiu-se. Subiu a rua, várias ruas. Olhou, da porta, as inúmeras mesas de diferentes bares. Regressou a casa. Desceu o caminho, entrou no prédio. Disse duas vezes em voz alta no elevador: 'É preciso aprender a ficar sozinho'. Em casa contemplou os diversos lugares e objectos. Sentou-se num cadeirão ao canto da sala. Encostou a cabeça para trás. Por fim chorou, juntando as mãos frente ao peito."
[José Amaro Dionísio, em O Nome do Mundo, pág. 29]
Etiquetas: literatura
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial