Morte de um miliciano não terá sido encenada
«A famosa fotografia tirada por Robert Capa na guerra civil de Espanha, a 5 de Setembro de 1936, de um miliciano das forças republicanas morto por um tiro, e cuja autenticidade tem sido discutida desde então, é verdadeira e documenta uma morte real e não encenada.
Mais de 70 anos depois, a descoberta, numa mala no México, dos negativos das fotos tiradas imediatamente antes e depois da imagem que ficou conhecida como Morte de Um Miliciano, levam a sugerir que esta, longe de ser uma foto encenada com fins de propaganda antifranquista, documenta a morte real de Federico Borrell Garcia, conhecido por El Taino, um anarquista de 24 anos.
Aquele achado, num total de 127 rolos com fotografias inéditas da guerra civil, atribuídas a Capa, à sua noiva Gerda Taro e ao fotógrafo David Seymour foi comparado "à descoberta do Santo Graal" pelo Centro Internacional de Fotografia de Nova Iorque, e inclui as 40 fotografias relacionadas com Cerro Muriano, onde morreu Borrell. Estas vão ser mostradas no Barbican Centre, em Londres, a partir de 17 de Outubro.
Entre as fotos está um instantâneo feito pouco antes do tiro que matou Borrell, em que se vê este levantando a sua espingarda junto de outros companheiros, posando para a câmara de Capa. Uma imagem posterior mostra um segundo soldado morto, corroborando que houve fogo inimigo.
Segundo disse Cynthia Young, organizadora da citada exposição, ao The Sunday Times, "estas imagens e um detalhado trabalho de investigação fazem muito para apoiar a afirmação de que a foto é real".
Tudo indica que Morte de Um Miliciano foi tirada por acidente. Capa e Taro, que também fotografou Borrell, estavam nas fileiras republicanas simulando situações de guerra, quando se deram os disparos inesperados do lado franquista.
A fotografia de Borrell saiu pela primeira vez na revista francesa Vu, tendo aparecido logo em seguida na Life. O negativo perdeu-se e o resto das fotografias de Capa, Taro e Seymour feitos na guerra civil de Espanha acabaram no México, até os negativos terem chegado há alguns meses ao Centro Internacional de Fotografia de Nova Iorque. Fundado por Cornell Capa, irmão de Robert Capa.»
Notícia publicada no DN de 30 de Setembro
Etiquetas: Fotografia
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