O Carnaval elegante
O Carnaval de Veneza voltou a ser celebrado a partir de 1980, depois de cerca de um século sem comemorações. A festa mais popular da cidade demora meses a ser preparada e tem início na quinta-feira gorda. Nas ruas os trajes mais insólitos convivem com os tradicionais, compostos pela bauta (um capucho em seda negra), o tabarro (capa de rendas), o tricórnio (grande capa negra) e a máscara branca. Até à efígie do Carnaval ser queimada na Praça de São Marco, o principal palco das festividades, Veneza é invadida por uma multidão de foliões que participam em bailes de máscaras, representações teatrais e outros eventos.
As raízes deste Carnaval remontam ao século XIII, altura em que o uso das máscaras é, pela primeira vez, referido num documento. Segundo relatos da época, os venezianos não se limitavam a usar máscaras no entrudo e estendiam a sua utilização por vários meses do ano. De tal forma era assim que as autoridades, alarmadas com a permanente quebra das regras da sociedade e do Estado, foram emitindo dezenas de decretos que restringiam o uso das máscaras. Foram proibidos aos mascarados a entrada em Igrejas e conventos, o porte de armas, as deambulações nocturnas e certos jogos violentos. Uma lei de 1703 interditava a utilização de máscaras nos casinos, para evitar que, dessa forma, alguns nobres fugissem aos seus credores.
A outra grande festa em Veneza é a regata histórica, uma reminiscência das corridas que se faziam no Grande Canal pelo menos desde o século XIII. Além da parte competitiva desenrola-se um sumptuoso cortejo histórico, com todos os tipos de barcos engalanados com figuras simbólicas e personagens trajadas à época. Atrás da réplica do Bucintoro – que transportava os doges – surgem as “bissone” com oito remos, depois as gôndolas e outras embarcações.
[Artigo da minha autoria, Fugas(Público), 2001]
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