31.1.08

maluco beleza


DA estirpe "maluco beleza", eis um digno par de Caetano, Raul Seixas e de Zeca Baleiro. Seu Jorge em desbunda no excelente "América Brasil"...

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Gandhi

HOJE comemora-se uma triste efeméride: Há 60 anos mataram um dos poucos homens que efectivamente mudaram o mundo. Seja mantida a sua memória.

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20.1.08

do narcisismo

"NARCISISMO é um termo introduzido por Nacke em 1899, para designar um tipo de comportamento em que o indivíduo trata o seu próprio corpo como se fosse o corpo dum objecto sexual e obtém prazer dessa forma. (...) Para Freud existia originalmente um investimento libidinal do Ego de que só mais tarde uma parte era cedida aos objectos, 'embora o investimento do Ego persista. (...)No seu conceito havia portanto uma oposição entre a líbido do Ego e a líbido de objecto, sendo a líbido única e composta por essas duas vertentes sempre ligadas, pelo que o aumento de uma correspondia à diminuição da outra. Avançou com a noção de estase da líbido imaginando teoriccamente uma espécie de sistema hidráulico de vasos comunicantes por onde ela fluiria ou estagnaria consoante a situação. Um dos extremos do sistema seria o estado de paixão amorosa em que a libido objectal hipertrofiada reduz quase a zero a líbido do Ego - o apaixonado é extremamente humilde e passivo perante o objecto amado hiperinvestido, pensa nele a todo o tempo e tudo esquece, desinvestindo-se completamente de si. (...)
Os aspectos individuais do narcisismo são fundamentais na constituição e na vida de cada um e têm uma universalidade manifesta. Muita da nossa realidade interior e do nosso comportamento, saudável ou não, decorre nesse plano. Todos os heróis e poderes com os encantos dos seus detentores, todo o gostar de si e o gostar que gostem, dizem respeito ao narcisismo. Com as idealizações tudo se passa do mesmo modo. Mesmo as vertidas no disfarce ingénuo da continuidade através dos filhos ou seguidores o contêm dentro de si, quer no texto das fantasias que geram, quer no desejo implícito de imortalidade que as suporta e que significam uma recusa ou negação da morte, considerada destrutiva do Ego ou do Self, e por isso mesmo sinal de irremediável impotência narcísica. Essa fantasia é extremamente comum e manifesta-se rambém no atractivo de ser posteridade através da criação e memória de feitos e obras, ou mais ainda, através da tendência universal para a íntima aceitação dos sistemas organizadores dessas mesmas ideias de imortalidade (religiões, magias, etc.) obviamente compostos já para esse fim. O sentimento de auto-estima, com a sua fragilidade potencial em toda a gente, a organização pessoal e social do sentimento de identidade nas suas várias facetas, o desejo profundo de ser amado, de ser admirado e as respectivas dúvidas e eventuais irracionalidades de conduta por isso motivadas - são igualmente indícios à vista deste narcisismo, da sua presença, da sua indispensabilidade, da sua eficácia na saúde e do prejuízo na doença. Noutro registo ainda, secundarizando a necessidade de receber dos outros, característica da sua existência, acontece também de forma extremamente comum o desejo de criar e construir os outros à sua própria imagem e semelhança, proceder como Deus Omnipotente, ou seja, proceder à realização magnífica e e total da fantasia narcísica mesmo quando disfarçada a seguir num altruísmo ou benevolência de grau correspondente, igualmente todo poderoso. Na prática passsa-se muitas vezes dum Self grandioso projectado à necessidade de concepção de figuras idealizadas, que retornando em movimento identificatório alimentam a grandiosidade prévia e promovem comportamentos a condizer, de forma a fechar o círculo interrelacional. Tudo isso releva do narcisismo.(...)"

Jaime Milheiro, Maria Narcisa ou a Erotização do Narcisismo

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FRANCIS Bacon, Série de Auto-Retratos (1971/72)

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16.1.08

O país nos talões multibanco

"ACONTECE sempre que chegamos ao Multibanco e reparamos que a pessoa antes de nós se esqueceu do talão. Como queremos guardar o nosso próprio talão, precisamos de tirar o outro talão da ranhura da caixa. Mas aqui surge-nos um desses pequenos dilemas do quotidiano que fazem da vida em sociedade uma actividade perigosa. O que fazemos? Pomos de lado aquele pedaço de papel, abstendo-nos de qualquer consulta invasora, ou não resistimos em espreitar o que não nos pertence? Pode ser que o talão mostre um saldo astronómico que nos provoque espanto e cobiça. Ou pode ser que revele informação contraria: contas bancarias que apresentam saldos de tragédia no inicio do mês e as vidas que tentamos imaginar dependentes dessas contas.
Não vale a pena fingir que ninguém anda por ai nas caixas Multibanco a espreitar talões esquecidos. Nada de hipocrisias escusadas. Claro que anda. Quando se trata de espiolhar a vida dos outros, não há muita gente a manter o sangue-frio civilizacional e controlar a curiosidade. Primeiro, a curiosidade não se controla, mesmo que talvez se possa evitar. Segundo, a vida dos outros interessa-nos instintivamente, pelas melhores e piores razões. E, terceiro, há sempre, por mais inofensiva que seja, a experiência do ilícito. Um email para outra pessoa que aterra no nosso portátil; um documento de um colega que transportamos para casa sem o sabermos. Sempre que em situações como estas ultrapassamos a fronteira do socialmente aceitável, e a experiência do ilícito que nos move. Não esta certo, convêm que não o façamos, mas mesmo assim não conseguimos deixar de o fazer. A experiência do ilícito que nos tenta a todos e uma das contradições mais curiosas das nossas sociedades legalistas e sancionatórias. Não há nada que não tenha a sua vastidão de regras e sanções, jurídicas ou morais. Mas toda a gente incumpre o que toda a gente também sanciona.
Parte da vida de um colunista e confessar coisas desagradáveis e, pela minha parte, devo dizer que quase nunca resisto a um talão esquecido numa caixa Multibanco. Espreito-o, analiso-o. O melhor dia para consultar talões Multibanco e o domingo, dia em que os papéis soltos se amontoam nas caixas. Não sou, pois, boa pessoa para trabalhar nos serviços de segurança ou em qualquer instituição que use dados pessoais. Os talões Multibanco oferecem o melhor retrato do estado do país neste momento. Digamos que não costumo frequentar as melhores zonas de Lisboa. Mas verdade que o que tenho visto e muita gente sem dinheiro na conta, muita gente que não sei como e que vive depois do dia 4. Imagino que quem se esquece dos talões Multibanco o faz de propósito, porque depois de um levantamento prefere não saber com quanto ficou. Melhor nem ver e deixar para os que vem a seguir na fila."
Pedro Lomba
(Diário de Notícias)
jurista
pedro_lomba@netcabo.pt

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11.1.08



ATONEMENT, filme realizado em 2007 por Joe Wright, com James McAvoy e Keira Knightley.

"Eu dei-lhes a felicidade que mereciam." As palavras são tudo é mentira a verdade. Arriba la luna ôéá Arriba la luna ôéá

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